19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

É interessante verificar como, nesta altura, são as questões internacionais que<br />

dominam a polémica <strong>de</strong> Martins Rodrigues com o Secretariado, constituindo a fractura<br />

por on<strong>de</strong> se ia alargando o dissídio que bifurcaria o movimento comunista, mas também<br />

como que dando razão ao Secretariado, que as suas posições em matéria <strong>de</strong> política<br />

interna se casavam com as divergências que os chineses e albaneses protagonizavam a<br />

nível internacional.<br />

No entanto, durante toda esta fase, Martins Rodrigues conteve-se quanto po<strong>de</strong>,<br />

evitando <strong>de</strong>senvolver contactos paralelos para criar uma base <strong>de</strong> apoio. Enquanto<br />

membro da Comissão Executiva, Martins Rodrigues controlava o sector <strong>de</strong>signado por<br />

Arredores <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, uma vasta zona que ia da linha do Estoril à Marinha Gran<strong>de</strong> e a<br />

Vila Franca <strong>de</strong> Xira e Santarém, a cuja troika dirigente pertencia Ângelo Veloso, que<br />

conhecia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos do MUD Juvenil.<br />

Foi com base nesse relacionamento que, excepcionalmente, discutiu com Veloso<br />

algumas das preocupações que o assaltavam quanto à linha do partido, mas sempre com<br />

muitos pruridos <strong>de</strong> estar a <strong>de</strong>senvolver um trabalho fraccionista, embora houvesse uma<br />

consi<strong>de</strong>rável i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opiniões, que teriam levado Veloso também a escrever uma<br />

ou duas cartas ao Comité Central, pelo que seria <strong>de</strong>pois igualmente criticado 1250 .<br />

Apesar <strong>de</strong> embalados pelas tarefas torrenciais que caíam em cima da Comissão<br />

Executiva, o ambiente nesse organismo vinha-se <strong>de</strong>teriorando, tendo-se realizado pelo<br />

menos uma reunião <strong>de</strong> vários dias, em que os problemas levantados por Martins<br />

Rodrigues foram discutidos com Blanqui Teixeira e Alexandre Castanheira, os outros<br />

dois membros <strong>de</strong>sse órgão.<br />

Martins Rodrigues guardou a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o nível político e i<strong>de</strong>ológico <strong>de</strong>ssa<br />

discussão foi muito débil e que aliás se travou por muita pressão sua. Para Castanheira,<br />

aquele estaria “a criar problemas com i<strong>de</strong>ias sobre a Revolução chinesa, sobre a<br />

necessida<strong>de</strong> da luta armada, etc.” 1251 .<br />

Vistas as coisas <strong>de</strong>ste modo e aten<strong>de</strong>ndo a que se passavam no seio da Comissão<br />

Executiva, que era o órgão máximo do partido no interior do país, estava-se perante<br />

uma situação <strong>de</strong> divergência aberta, a que aquele órgão não queria nem podia dar<br />

resposta e cuja resolução teria <strong>de</strong> ser levada a um nível superior, isto é, ao próprio<br />

Comité Central, que se viria a reunir precisamente em Agosto, em Moscovo.<br />

1250 Entrevista a Francisco Martins Rodrigues, <strong>Lisboa</strong>, 12 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1997<br />

1251 Alexandre Castanheira, Outrar-se…, p. 162<br />

496

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!