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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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aliás, garantia maioria das posições do Partido Comunista na Comissão Nacional <strong>de</strong><br />

Frente Única.<br />

Bento Gonçalves teria ficado sem gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para dirigir efectivamente a<br />

organização e o corpo <strong>de</strong> militantes do partido, que se empolgara na preparação da<br />

greve geral, que queriam revolucionária, a ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos perceber que Bento, não<br />

conseguia fazer vingar as suas posições, nem, inclusivamente, editar documentos<br />

partidários nesse sentido, o que o leva 164 a <strong>de</strong>slocar-se Espanha para contactar a<br />

representação da Internacional Comunista, procurando a legitimida<strong>de</strong> do Komintern que<br />

Bento julgaria ser contrária à actuação <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Sousa, a ganhar claramente<br />

ascen<strong>de</strong>nte no seio do partido e junto dos activistas da CIS.<br />

Porém, entre Outubro e Dezembro <strong>de</strong> 1933, enquanto Bento Gonçalves estava<br />

em Espanha, enquanto reunia com a <strong>de</strong>legação da IC, a quem apresenta um relatório<br />

baseado na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> massas como forma <strong>de</strong> enfrentar a fascização<br />

sindical 165 , no interior do país, o aparelho do <strong>PCP</strong> envolvia-se <strong>de</strong> cima abaixo na<br />

preparação <strong>de</strong> um movimento <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>ntes contornos insurreccionais.<br />

Mesmo assim, ao regressar, não parece trazer as orientações que procurara. A<br />

Delegação do Komintern, segundo o dirigente do <strong>PCP</strong> tinha a i<strong>de</strong>ia “<strong>de</strong> que o ETN não<br />

seria aplicado e além disso um manifesto que conseguimos fazer imprimir foi obtido<br />

por encargo particular e chegou ao país <strong>de</strong>masiado tar<strong>de</strong> e ainda com o agravo <strong>de</strong><br />

ficar apenas no conhecimento <strong>de</strong> alguns sectores da Região do Sado” 166 .<br />

Os esforços <strong>de</strong> Bento encontram eco apenas em sectores limitados do partido e<br />

das “juventu<strong>de</strong>s”. Francisco Paula <strong>de</strong> Oliveira (Pável), Secretário-geral da FJCP, teria<br />

sido um dos seus principais apoiantes, acompanhando a fase final do processo <strong>de</strong><br />

preparação do 18 <strong>de</strong> Janeiro 167 . No Boletim do Secretariado da FJCP, <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong><br />

33, ainda antes do regresso <strong>de</strong> Bento Gonçalves afirmava-se que:<br />

“A tentativa <strong>de</strong> fazer <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r o triunfo do movimento das gran<strong>de</strong>s<br />

acções militares e dos gran<strong>de</strong>s planos <strong>de</strong> sabotagem, não faz mais do que<br />

<strong>de</strong>slocar as atenções dos objectivos (...). A arma mais grandiosa <strong>de</strong> que<br />

dispomos é a massa operária, o seu movimento colectivo. E se nós fizermos<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r a luta massiva da acção prévia das gran<strong>de</strong>s acções militares, é o<br />

164<br />

Bento Gonçalves, Duas Palavras..., pp 24-25<br />

165<br />

João Arsénio Nunes, A formação da estratégia..., p. 29<br />

166<br />

I<strong>de</strong>m, p. 25<br />

167<br />

Cf, [JAN] João Arsénio Nunes, Francisco <strong>de</strong> Paula <strong>de</strong> Oliveira Jùnior, in Dicionário <strong>de</strong> História do Estado Novo (Dir. <strong>de</strong><br />

Fernando Rosas e JM Brandão <strong>de</strong> Brito), II, Círculo <strong>de</strong> Leitores, <strong>Lisboa</strong>, 1996, pp 688-690<br />

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