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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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uma activida<strong>de</strong> prioritariamente legal, como era o caso das eleições anunciadas para as<br />

Juntas <strong>de</strong> Freguesia, criticando, no entanto, a prepon<strong>de</strong>rância que Humberto Delgado<br />

estava a ter aí 918 .<br />

Parecia reeditar-se a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> tão exaustivamente <strong>de</strong>fendida<br />

nos anos quarenta entre o MUNAF e o MUD, entre um plano ilegal, interpartidário e<br />

um plano legal, em que a base <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são era formalmente individual.<br />

Na realida<strong>de</strong>, por mais difícil que pu<strong>de</strong>sse ser a situação na emergência política e<br />

organizativa do MNI, isso não significava, portanto, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> reconhecer a sua<br />

importância com vista à mais ampla unida<strong>de</strong> possível, à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturar o<br />

movimento a partir das freguesias como unida<strong>de</strong> político-administrativas, não <strong>de</strong>ixando<br />

<strong>de</strong> prosseguir com uma estratégia simultaneamente <strong>de</strong> pressão e censura sobre os que se<br />

afastavam <strong>de</strong> uma perspectiva <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> 919 .<br />

Ainda nesse mês, na Comissão Cívica Eleitoral <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, que continuava a ser a<br />

plataforma legal on<strong>de</strong> se acolhiam quer os mais <strong>de</strong>stacados quadros comunistas legais<br />

quer os socialistas <strong>de</strong> esquerda e outros oposicionistas que aceitavam trilhar um<br />

caminho comum, circularia a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma Junta <strong>de</strong> Libertação Nacional, cuja<br />

organização se iniciou embora não pareça ter nunca passado <strong>de</strong> uma fase muito<br />

embrionária, apenas visível pelo voluntarismo do <strong>PCP</strong>.<br />

O acolhimento da proposta <strong>de</strong> constituição da Junta estava longe <strong>de</strong> ser caloroso.<br />

Mesmo os contactos que o <strong>PCP</strong> continuava a manter com Humberto Delgado eram<br />

cautelosos. O general, ciente da relação <strong>de</strong> forças <strong>de</strong>ntro do MNI, mostrava-se receoso<br />

<strong>de</strong> que aqueles encontros e conversas pu<strong>de</strong>ssem vir a ser do conhecimento dos seus<br />

parceiros no Movimento, cujo arranque se revelava titubeante. A continuação do<br />

movimento eleitoral naqueles termos não mostrava chama nem era suficientemente<br />

galvanizador em termos públicos.<br />

As respostas das outras organizações para a criação da Junta não chegavam.<br />

Reeditava-se um certo <strong>de</strong>ixa-andar para não dar resposta a propostas que eram<br />

incómodas. Negar a constituição da Junta era negar formas superiores e mais fortes e<br />

orgânicas <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, mas aceitar <strong>de</strong> braços abertos seria abrir caminho à<br />

instrumentalização pelo <strong>PCP</strong> da organização a criar, o que tanto temiam.<br />

A insistência com que o Avante! agarra a questão revela a dificulda<strong>de</strong> sentida e o<br />

peso das resistências em relação ao <strong>PCP</strong>. Por um lado reitera a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar um<br />

918 I<strong>de</strong>m, p. 79, [221]<br />

919 Cf. As tarefas da unida<strong>de</strong>. Julho <strong>de</strong> 1958, i<strong>de</strong>m, p. 80, [222]<br />

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