19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

socialista com o Dr. Vasco da Gama Fernan<strong>de</strong>s e os diferentes dissi<strong>de</strong>ntes do regime –<br />

antigos monárquicos integralistas como o Prof. Vieira <strong>de</strong> Almeida, velhos tenentes do<br />

28 <strong>de</strong> Maio como o Major David Neto ou o Dr. Rolão Preto, antigo chefe dos nacionais-<br />

sindicalistas.<br />

Mas no exterior, a polícia não consegue conter os apoiantes <strong>de</strong> Delgado que não<br />

conseguiram entrar. Carrega sobre os populares procurando dispersá-los. Foge-se,<br />

naturalmente, procura-se abrigo nos prédios da zona, mas há grupos que resistem,<br />

reagrupando-se e ripostando à pedrada. A polícia fardada ou à civil dispara, faz vários<br />

feridos. As escaramuças prolongam-se durante horas numa área que se ampliava pelas<br />

redon<strong>de</strong>zas do Liceu. Chegam reforços policiais, da PSP e da GNR, que atingem os<br />

seiscentos efectivos 856 .<br />

A radicalização torna-se mais aguda, mais intensa, protagonizada principalmente<br />

por franjas jovens, mais combativas. Acentuava-se a tendência que vinha marcando a<br />

campanha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu arranque dias antes, no Porto. È <strong>de</strong> um plano insurreccional que o<br />

governo fala, naturalmente. Mas disso parece duvidar o próprio embaixador britânico<br />

em <strong>Lisboa</strong>:<br />

“Po<strong>de</strong> ser que o governo tenha razão e que isto tenha sido montado pelos<br />

comunistas (…), mas também po<strong>de</strong> ser uma ebulição espontânea, <strong>de</strong><br />

entusiasmo, por alguém que se atreveu a erguer-se contra o governo, em<br />

nome do povo, que é naturalmente excitável” 857<br />

O Secretariado do Comité Central reúne entre 19 e 26 <strong>de</strong> Maio concluindo que<br />

as jornadas do Porto e <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> “são inéditas pela sua amplitu<strong>de</strong> e combativida<strong>de</strong>” 858<br />

e até pela incapacida<strong>de</strong> das forças policiais dispersarem os manifestantes. Mas, enten<strong>de</strong><br />

que essa radicalização se <strong>de</strong>ve à candidatura <strong>de</strong> Arlindo Vicente que está a empurrar a<br />

<strong>de</strong> Humberto Delgado para a frente.<br />

A orientação estabelecida é a <strong>de</strong> continuar a criticar o general, mas realçando<br />

fundamentalmente os aspectos consi<strong>de</strong>rados positivos e principalmente concentrar<br />

esforços para acções comuns, pois não se estariam a aproveitar todas as possibilida<strong>de</strong>s<br />

nesse sentido.<br />

856 Cf. Cortes da censura. Maio <strong>de</strong> 1958, IAN/TT, Arquivo <strong>de</strong> O Século, Caixa 186, Maço 237; Relatório do comandante da<br />

Divisão da PSP sobre policiamento e tumultos nas cercanias do Liceu Camões em <strong>Lisboa</strong>, in Humberto Delgado. As eleições<br />

<strong>de</strong> 1958, <strong>Lisboa</strong>, Veja, 1998, pp 596-97<br />

857 Relatório do embaixador Sir Charles Stirling para o Foreign Office, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1958, cit. por Marta Duarte e Pedro<br />

Oliveira, As eleições Portuguesas: um olhar inglês, in Humberto Delgado. As eleições…, p. 417<br />

858 Conclusões Políticas do Sec. 5/58, mns, [1], in Processo 92/62, 3º vol., apenso a fls 182<br />

333

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!