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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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disposto à clarificação i<strong>de</strong>ológica com base no estudo das posições da Internacional. O<br />

que Droz pretendia realmente era evitar a cisão, apelando à superação <strong>de</strong>ste quadro <strong>de</strong><br />

crise com a união dos dois grupos em torno do partido, mas sob a direcção <strong>de</strong> Rates.<br />

Droz vai aliás mais longe e convoca o que <strong>de</strong>signa <strong>de</strong> “congresso constitutivo <strong>de</strong><br />

partido” 103 , que <strong>de</strong>veria aprovar programa, estatutos e linha táctica, <strong>de</strong>signando um novo<br />

órgão dirigente, que investe <strong>de</strong> competências organizadoras do Congresso.<br />

Ao mesmo tempo, o “internacional” suíço, mesmo não dispondo <strong>de</strong> mandato da<br />

Internacional Sindical Vermelha para tratar dos assuntos da tendência sindical<br />

comunista em Portugal, organiza os subscritores do manifesto Moscovo-Berlim, que se<br />

pronunciava favoravelmente à ISV, promovendo a formação <strong>de</strong> um secretariado que<br />

dirigisse a acção no seio da CGT e assegurasse a ligação à organização sindical<br />

internacional.<br />

Do mesmo modo, sem qualquer mandato por parte da Internacional Comunista<br />

Juvenil, intervém no sector, já que aí radicava a principal base <strong>de</strong> apoio do grupo <strong>de</strong><br />

Caetano <strong>de</strong> Sousa.<br />

Mas o conflito estava longe <strong>de</strong> sanado, reacen<strong>de</strong>ndo-se com a sua partida para<br />

França. O grupo minoritário <strong>de</strong> Caetano <strong>de</strong> Sousa constitui uma fracção, que a direcção<br />

<strong>de</strong> Rates quer expulsar, originando nova intervenção <strong>de</strong> Droz a proibir quaisquer<br />

expulsões ou <strong>de</strong>purações, seja da parte <strong>de</strong> quem for, até ao Congresso, entretanto<br />

adiando para Novembro <strong>de</strong> 1923.<br />

O “homem” <strong>de</strong> Droz no <strong>PCP</strong> é, sem dúvida, Rates e, apesar disso, sem gran<strong>de</strong><br />

margem <strong>de</strong> manobra, o “internacional” sancionará que novo inci<strong>de</strong>nte seja motivo para<br />

a <strong>de</strong>puração do grupo <strong>de</strong> Caetano <strong>de</strong> Sousa, sob as acusações <strong>de</strong> fraccionismo, <strong>de</strong> acção<br />

injuriosa, <strong>de</strong> concepções contrárias ao Komintern, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar a intervenção sindical.<br />

Na prática eram consi<strong>de</strong>rados incorrigíveis e tornava-se necessário forçar a sua saída<br />

antes do Congresso 104 .<br />

Droz vai participar directamente no Congresso, munido <strong>de</strong> um mandato da IC<br />

que lhe confere plenos po<strong>de</strong>res. Para o suíço congresso constitutivo do <strong>PCP</strong>, significava<br />

constituir a Secção Portuguesa da Internacional Comunista.<br />

No I Congresso do Partido Comunista Português, que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> 10 a 12 <strong>de</strong><br />

Novembro <strong>de</strong> 1923, participam quase 130 <strong>de</strong>legados, num total que andaria, na altura<br />

entre as cinco e as seis centenas <strong>de</strong> militantes.<br />

103 I<strong>de</strong>m, p.78<br />

104 I<strong>de</strong>m, p.92<br />

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