19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ficaram muitas ilusões quanto ao seu espírito revolucionário. Julgara mesmo que Chico<br />

Miguel estava em Moscovo em posições fortemente críticas contra o oportunismo, mas<br />

surgia ali incondicionalmente do lado <strong>de</strong> Cunhal e dos soviéticos.<br />

Já Georgette Ferreira não se tinha manifestado <strong>de</strong> modo tão primário, embora<br />

tivesse sido Veiga <strong>de</strong> Oliveira quem mais o surpreen<strong>de</strong>u, pelo tom muito dubitativo das<br />

suas intervenções, insistindo que os problemas que Martins Rodrigues levantara <strong>de</strong>viam<br />

ser objecto <strong>de</strong> reflexão no partido.<br />

A opinião que Martins Rodrigues guardou <strong>de</strong>ssa reunião, foi <strong>de</strong> completa<br />

insatisfação, com a noção <strong>de</strong> que não se tratou propriamente <strong>de</strong> uma discussão política<br />

ou i<strong>de</strong>ológica aprofundada. Quem mais o criticava resistia a abordar aspectos concretos<br />

do que afirmava, não queria confrontar a experiência histórica do partido, tomar como<br />

referência, por exemplo, a luta entre a linha do levantamento nacional e a “política <strong>de</strong><br />

transição” 1253 .<br />

A Resolução que saiu da reunião afirmava proce<strong>de</strong>r à “<strong>de</strong>finição actualizada da<br />

linha política e táctica do Partido” 1254 , isto é, reiterava a linha política restaurada por<br />

Álvaro Cunhal nesses primeiros anos Sessenta – a via do levantamento nacional, a<br />

<strong>de</strong>sagregação das forças armadas e o papel do movimento popular <strong>de</strong> massas; a etapa<br />

<strong>de</strong>mocrática e nacional da revolução em Portugal, os seus objectivos, as alianças, a<br />

con<strong>de</strong>nação do putchismo e das acções violentas, o elogio do trabalho legal e semi-<br />

legal, o lugar do trabalho ilegal, as expectativas quanto à Frente Patriótica <strong>de</strong> Libertação<br />

Nacional, a preocupação quanto a uma solução <strong>de</strong> transição que dispensasse o <strong>PCP</strong>…<br />

O documento não ignorava as mudanças ocorridas na estrutura económica do<br />

país, ao nível da electrificação, das indústrias <strong>de</strong> base, na si<strong>de</strong>rurgia, na metalomecânica<br />

ou na química, assim como referia a importância da participação do país nos processos<br />

<strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um mercado único europeu, que <strong>de</strong>signava <strong>de</strong> “acordos livre-<br />

cambistas europeus” 1255 , a prova provada, acrescentava, do carácter monopolista do<br />

regime português que sempre havia favorecido a concentração <strong>de</strong> capitais e a formação<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s grupos económicos.<br />

A questão colonial continuava a ocupar um lugar expressivo na economia do<br />

documento. Antes do mais a repetição da i<strong>de</strong>ia do país como simultaneamente<br />

colonizado e colonizador, a i<strong>de</strong>ia do colonialismo como factor <strong>de</strong> atraso económico que<br />

1253 Cf. I<strong>de</strong>m<br />

1254 Reunião do Comité Central do Partido Comunista Português, in Avante!, VI série, 334, Outubro <strong>de</strong> 1963<br />

1255 Resolução do Comité Central sobre a linha política e táctica do Partido, in O Militante, III série, 125, Outubro <strong>de</strong> 1963<br />

498

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!