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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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A partir do verão <strong>de</strong> 1961, o <strong>PCP</strong> dispôs <strong>de</strong> condições para emitir diariamente<br />

via rádio para o interior do país. Rui Perdigão quando passa à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> num<br />

quadro <strong>de</strong> prisão iminente é enviado para Paris, sendo já aí incumbido por Sérgio<br />

Vilarigues <strong>de</strong> passar à capital checoslovaca para trabalhar nas emissões em língua<br />

portuguesa da Rádio Praga. Ainda em finais <strong>de</strong>sse ano, António Dias Lourenço contacta<br />

Perdigão na capital checoslovaca para tratar com ele da instalação <strong>de</strong> uma estação <strong>de</strong><br />

rádio a emitir para Portugal 1646 .<br />

Segundo Dias Lourenço, o PC soviético havia dado o seu aval à iniciativa e ir-<br />

se-ia constituir um pequeno organismo, controlado por aquele dirigente comunista, ido<br />

directamente do interior do país para o efeito, composto por Perdigão e pela sua<br />

companheira – Fernanda Silva, juntando-se-lhes uma jovem funcionária para apoio<br />

meramente técnico.<br />

No entanto, as prisões <strong>de</strong> Octávio Pato, Carlos Costa, Joaquim Pires Jorge e<br />

Américo Gonçalves <strong>de</strong> Sousa, ocorridas em Dezembro <strong>de</strong> 1961, lançaram o alarme<br />

geral, obrigando ao regresso <strong>de</strong> Dias Lourenço ao interior e a um adiamento do<br />

projecto, ainda que breve, pois tudo estava pronto a funcionar. Foi, por isso, apenas<br />

necessário substituir Lourenço por Pedro Soares, que <strong>de</strong>pois da fuga <strong>de</strong> Peniche fora <strong>de</strong><br />

novo colocado no exterior.<br />

As emissões iniciaram-se em 12 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1962 a partir <strong>de</strong> Bucareste., on<strong>de</strong><br />

se instalava o organismo <strong>de</strong> redacção. Os seus membros viviam numa situação <strong>de</strong> quase<br />

clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>, sob i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s falsas fornecidas pelos próprios serviços<br />

governamentais romenos.<br />

Assim, com a <strong>de</strong>vida autorização soviética, a rádio ocupava na capital romena<br />

antigas instalações do já extinto Kominform, beneficiando da capacida<strong>de</strong> técnica<br />

instalada, em boa medida subaproveitada. Quer a redacção quer os estúdios eram<br />

protegidos pelas forças <strong>de</strong> segurança romena e tinham o apoio dos técnicos <strong>de</strong> rádio<br />

locais. Era a Rádio Portugal Livre!, <strong>de</strong>signação escolhida por Pedro Soares e Rui<br />

Perdigão, que Cunhal consi<strong>de</strong>rou “excessivamente «pesado» ” 1647 .<br />

O Avante! <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1962, informa em tom exultante o início das emissões –<br />

“A notícia divulgou-se mais que <strong>de</strong>pressa e em pouco tempo o entusiasmo correu <strong>de</strong><br />

Norte a Sul. (…)<br />

1646 Cf Rui Perdigão, O <strong>PCP</strong> visto por <strong>de</strong>ntro e por fora, <strong>Lisboa</strong>, Fragmentos, 1988, p. 51<br />

1647 I<strong>de</strong>m.p. 52<br />

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