19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> traidores ao marxismo-leninismo e <strong>de</strong> revisionistas, acrescentando que<br />

lhes <strong>de</strong>veria ser movido forte combate i<strong>de</strong>ológico para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o movimento comunista<br />

<strong>de</strong> concepções anti-leninistas.<br />

Martins Rodrigues perguntava o que havia mudado na situação da Jugoslávia,<br />

tão criticada aliás em textos e documentos pelo menos até Abril <strong>de</strong> 1962 na Revista<br />

Internacional, a revista dos Partidos Comunistas e Operários, que justificasse esta<br />

mudança <strong>de</strong> posição e, insatisfeito com as generalida<strong>de</strong>s aduzidas no documento,<br />

questionava sobre os factos que, segundo o documento do Comité Central, permitiam<br />

concluir que tinham havido rectificações importantes na orientação da LCJ.<br />

Esta complacência em relação aos jugoslavos contrastava com a atitu<strong>de</strong> em<br />

relação aos chineses e albaneses, particularmente duras e ásperas, criticando-se o facto<br />

dos albaneses, por exemplo, terem <strong>de</strong>srespeitado as conclusões da Conferência dos 81<br />

partidos, tidas como a plataforma <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> do movimento comunista internacional.<br />

Porém, em relação a este mesmo documento subscrito em Moscovo, Martins Rodrigues,<br />

acrescenta, acutilante:<br />

“(…) o CC não só altera radicalmente a posição perante a linha da<br />

LCJ como vai ao ponto <strong>de</strong> incluir uma teses nova, a <strong>de</strong> que é o dogmatismo<br />

e não já o revisionismo o perigo principal no movimento comunista à<br />

escala mundial, ou seja precisamente o contrário do que foi estabelecido<br />

pelos 81 Partidos.<br />

Pergunto: o respeito pela Declaração dos 81 Partidos, pela<br />

Declaração <strong>de</strong> 1957 e pela unida<strong>de</strong> do movimento comunista mundial não<br />

obriga o CC a abster-se <strong>de</strong> formular uma tese nova sobre uma questão <strong>de</strong><br />

alcance internacional? Com que autorida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> o CC inverter um<br />

princípio fundamental da Declaração se não foi ainda formulado pelo<br />

conjunto dos Partidos Comunistas e Operários qualquer apreciação que<br />

substitua aquele princípio? Pelo facto do PCUS e outros partidos irmãos<br />

terem adoptado esta tese nova, permite isso ao nosso CC entrar nesse<br />

caminho? Não representará isto já um novo golpe à unida<strong>de</strong> do movimento<br />

comunista internacional“ 1244 .<br />

Discorda assim, <strong>de</strong> modo veemente, dos ataques públicos aos partidos chinês e<br />

albanês e con<strong>de</strong>na o seguidismo do <strong>PCP</strong> em relação a tomadas <strong>de</strong> posição anteriores <strong>de</strong><br />

1244 TCL, STJ, P. 16870-C/70, 12º vol., C. [Campos, Francisco Martins Rodrigues], A Declaração do Comité Central <strong>de</strong> 19/1.<br />

Carta ao CC, dact., 30 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1963, p. 2, apenso a fls 947<br />

493

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!