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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Mas isso não era apenas problema dos <strong>de</strong>legados e do congresso em si, mas um<br />

velho problema. Apesar da primeira versão do projecto haver três anos que circulava no<br />

partido, apesar das diferenças entre as duas versões não houve discussão prévia<br />

significativa a este propósito. O partido, reconhecia-se, vivia num torvelinho praticista<br />

e, por maior <strong>de</strong>staque formal que se lhe atribuísse, também o Comité Central nunca<br />

havia agarrado o assunto em conformida<strong>de</strong>.<br />

Aliás, consi<strong>de</strong>rava-se que o Programa repetia e até <strong>de</strong> modo mais resumido o<br />

Informe Político, portanto as gran<strong>de</strong>s questões que também ao programa diziam respeito<br />

tinham vindo a ser discutidas, o que levava inclusivamente a que se consi<strong>de</strong>rasse, então<br />

já liminarmente, a primeira versão do projecto, <strong>de</strong> 1954, eivada <strong>de</strong> sectarismo.<br />

Mas, como a Direcção fazia questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhar, o programa não podia ser um<br />

documento <strong>de</strong> pormenorização nem um fastidioso ensaio legislativo, mas um<br />

documento prático <strong>de</strong> combate, a que se po<strong>de</strong>ria incluir um programa <strong>de</strong> acção mais<br />

concreto para o imediato, para o <strong>de</strong>rrube da ditadura e não para as calendas do<br />

socialismo, que <strong>de</strong>via ser amplamente divulgado, explicado, discutido e constituir<br />

instrumento para o recrutamento <strong>de</strong> novos militantes 764 .<br />

Todavia, o projecto <strong>de</strong> Programa a ser aprovado introduzia questões <strong>de</strong> fundo<br />

substanciais que o afastavam em corte não só da versão anterior, mas do conjunto <strong>de</strong><br />

orientações que estavam instituídas nas resoluções do Congresso anterior.<br />

Isso era tão significativo quanto ao se fazer questão <strong>de</strong> especificar que se tratava<br />

do “Programa do partido Comunista Português para a conquista da <strong>de</strong>mocracia e<br />

melhoria das condições <strong>de</strong> vida do povo português” 765 se entendia que a conquista da<br />

<strong>de</strong>mocracia assentava em “tornar possível o <strong>de</strong>rrubamento <strong>de</strong> Salazar sem <strong>guerra</strong> civil,<br />

por meios pacíficos” 766 , condicionando toda a estratégia a essa possibilida<strong>de</strong> e não<br />

mencionando sequer a via do levantamento nacional, que havia sido esboçada e<br />

sistematizada nos congressos anteriores 767 .<br />

Mais importante assim seria o ponto sobre organização e estatutos, que motivara<br />

o segundo gran<strong>de</strong> informe ao congresso, apresentado por António Dias Lourenço (João)<br />

em nome do Comité Central.<br />

764 Cf. Programa, mns, 1 p., in Processo 15684/59-B, 17º vol., apenso a fls. 1162<br />

765 Programa do Partido Comunista Português aprovado no V Congresso, Editorial «Avante!», Outubro <strong>de</strong> 1957, p. 1<br />

766 I<strong>de</strong>m, p. 7<br />

767 Cf. Ramiro da Costa, O XX Congresso do PCUS e o <strong>PCP</strong>…, p. 11<br />

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