19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A razão da incorporação <strong>de</strong>ste veio que, do ponto <strong>de</strong> vista programático viria a<br />

pesar incomparavelmente mais do que veio anarquista a partir <strong>de</strong> on<strong>de</strong> em larga medida<br />

se fundou o <strong>PCP</strong>, radica no facto da <strong>de</strong>rrota da república e do esmagamento e posterior<br />

rendição do reviralhismo e das suas expressões políticas, ter privado os sectores radicais<br />

republicanos <strong>de</strong> expressão política própria.<br />

A geração mais jovem <strong>de</strong>stes sectores <strong>de</strong> uma pequena burguesia urbana,<br />

estudantil e intelectual, jacobina e filo-maçónica, confrontada e radicalizada com as<br />

encruzilhadas e imperativos do tempo, querendo agir contra o fascismo, ingressaria no<br />

Partido Comunista, visto tanto a nível interno como pela própria conjuntura<br />

internacional como único reduto on<strong>de</strong> a resistência verda<strong>de</strong>iramente se organizava,<br />

processo que se prolongaria <strong>de</strong> meados dos anos 30 e até ao início dos anos 60, sem que<br />

<strong>de</strong>ste ponto <strong>de</strong> vista as tentativas <strong>de</strong> reorganização dos sectores socialistas nesse período<br />

tivessem constituído alternativa consistente<br />

São estes jovens, dinâmicos e voluntaristas que num casamento entre o<br />

republicanismo radical, o <strong>de</strong>senvolvimentismo seareiro e o marxismo, que nas condições<br />

concretas do país abraçavam como podiam, contribuíram do ponto <strong>de</strong> vista político,<br />

como do ponto <strong>de</strong> vista cultural para a incorporação <strong>de</strong>sse veio.<br />

Todavia, o <strong>PCP</strong> só viria a aprovar um programa tardiamente e, ainda assim, no<br />

caso do V Congresso, orientando-se fundamentalmente para aspectos imediatos e para<br />

os esteios da orientação táctica, <strong>de</strong>signadamente quanto ao <strong>de</strong>rrube <strong>de</strong> Salazar por meios<br />

pacíficos.<br />

Já o programa aprovado em 1965 no VI Congresso, cuja actualida<strong>de</strong> o <strong>PCP</strong><br />

reclamou até bem <strong>de</strong>pois do encerramento da fase revolucionária <strong>de</strong> transição para a<br />

<strong>de</strong>mocracia, que correspon<strong>de</strong> ao pensamento cunhalista, caracteriza o país,<br />

simultaneamente como colonizador e colonizado, como país rico, com recursos naturais,<br />

mas espoliado pelo salazarismo e pelos imperialistas, assim como conceptualiza a via<br />

do levantamento nacional para o <strong>de</strong>rrube do regime.<br />

O programa <strong>de</strong>fine a etapa da revolução como <strong>de</strong>mocrático-nacional, alicerçada<br />

em oito objectivos, e articula o legado “nacional”, republicano e reformista com<br />

consignas que <strong>de</strong>correm directamente do movimento comunista internacional,<br />

<strong>de</strong>signadamente as componentes <strong>de</strong> incidência anti-monopolista, anti-colonialista e anti-<br />

imperialista, assim como no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Reforma Agrária.<br />

796

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!