19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

particular importância um preceito a introduzir que fazia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r qualquer candidatura<br />

à Presidência da República da aprovação por um Conselho <strong>de</strong> Estado alargado e<br />

tutelado pelo governo.<br />

Ultrapassada pelo regime a <strong>de</strong>sorientação que a <strong>de</strong>fesa por sectores<br />

significativos da candidatura <strong>de</strong> Salazar haviam provocado, escolhido Craveiro Lopes, a<br />

Assembleia Nacional instituiria essa prerrogativa do Conselho <strong>de</strong> Estado.<br />

Dentro do MND fizeram-se ouvir algumas vozes que entendiam, naquelas<br />

condições, que não se <strong>de</strong>veria apresentar nenhuma candidatura e circunscrever a<br />

participação à <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> eleições livres 494 , mas a posição oficial admite a apresentação<br />

<strong>de</strong> uma candidatura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que responda às aspirações fundamentais do povo português,<br />

sintetizadas em sete reclamações – eleições livres, respeito pelas liberda<strong>de</strong>s<br />

fundamentais, protecção à pequena e média proprieda<strong>de</strong> agrícola, industrial e comercial,<br />

direito ao trabalho e dignificação do nível <strong>de</strong> vida dos trabalhadores, aproveitamento<br />

dos recursos naturais ao serviço do <strong>de</strong>senvolvimento nacional; <strong>de</strong>mocratização do<br />

ensino, adopção <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da paz e da cooperação internacional.<br />

Mas com a ressalva <strong>de</strong> que tal candidatura só se <strong>de</strong>veria apresentar a sufrágio<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que satisfeita a reclamação <strong>de</strong> eleições livres, cumprindo-se três condições<br />

mínimas – existência <strong>de</strong> um recenseamento honesto, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> propaganda e<br />

fiscalização do acto eleitoral.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista da disponibilida<strong>de</strong> para participar no acto eleitoral, a situação<br />

não era substancialmente nova, quando comparada com a posição assumida pelos<br />

comunistas e os seus aliados face às eleições <strong>de</strong> 1945 e 1949, isto é, naquelas<br />

circunstâncias significaria, em termos objectivos, aproveitar a campanha eleitoral e, à<br />

boca das urnas, <strong>de</strong>clarar não estarem as condições mínimas asseguradas e, então,<br />

<strong>de</strong>sistir, apelando à abstenção.<br />

O que se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar novo são alguns dos sete pontos apresentados,<br />

precisamente aqueles que se relacionam com aspectos <strong>de</strong> política económica e social<br />

para o país, <strong>de</strong>signadamente os <strong>de</strong> cunho antimonopolista e anti-imperialista, assim<br />

como os que reclamavam melhoria das condições <strong>de</strong> vida e a <strong>de</strong>mocratização do ensino,<br />

porque colocados em pé <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, pelo menos formal, com as reclamações<br />

estritamente políticas.<br />

494 Cf. O Momento Nacional e o Movimento Nacional Democrático, in 5 <strong>de</strong> Outubro, Boletim da Comissão Distrital do Porto do<br />

MND, 1, Outubro <strong>de</strong> 1951<br />

197

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!