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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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greve, quando não espontânea, fosse apenas <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada quando se <strong>de</strong>sse por<br />

adquirido que a maioria dos trabalhadores estava na firme disposição <strong>de</strong> avançar nesse<br />

sentido, <strong>de</strong> modo a que os militantes se pu<strong>de</strong>ssem resguardar <strong>de</strong>ssa exposição no meio<br />

da massa em greve.<br />

Para evitar os efeitos <strong>de</strong>vastadores da repressão policial sobre uma greve, as<br />

paralisações eram geralmente parciais, limitadas no tempo ou circunscritas à diminuição<br />

dos ritmos e cadências laborais.<br />

A influência no sector, a partir dos organismos <strong>de</strong> fábrica, permitia potenciar a<br />

intervenção sindical, segundo uma estratégia entrista nos Sindicatos Nacionais. Para o<br />

sindicato corporativo, <strong>de</strong> âmbito distrital, canalizavam-se as reivindicações do sector,<br />

através <strong>de</strong> concentrações junto às instalações sindicais para que uma comissão, em<br />

regra, composta por representantes das comissões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> das várias empresas,<br />

entregasse o ca<strong>de</strong>rno reivindicativo à Direcção sindical, pressionando-a para que fosse<br />

remetido ao governo, através das <strong>de</strong>legações do Instituto Nacional <strong>de</strong> Trabalho e<br />

Previdência.<br />

Esta orientação estimulava a apresentação ou a participação em listas às<br />

“eleições” para os órgãos directivos dos sindicatos corporativos, reservando-se aos<br />

militantes eleitos tarefas discretas <strong>de</strong> apoio à recepção e encaminhamento das<br />

reivindicações vindas das fábricas e empresas ou que tentassem influenciar medidas<br />

benéficas para os trabalhadores no simulacro <strong>de</strong> contratação.<br />

Aqueles que conseguiam passar no crivo a que as instituições corporativas e a<br />

polícia submetiam as listas eleitas antes <strong>de</strong> serem homologadas, eram retirados dos<br />

organismos das empresas a que pertenciam, passando a ser controlados<br />

individualmente, <strong>de</strong> modo a resguardar a sua activida<strong>de</strong>.<br />

Nos sectores intelectuais, o trabalho <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, legal, absorvia uma boa parte<br />

das energias dos militantes, que <strong>de</strong>senvolviam uma activida<strong>de</strong> acrescida nos períodos<br />

eleitorais, sendo criadas fracções para a condução <strong>de</strong>sses processos.<br />

No entanto, mesmo nestes sectores <strong>de</strong> intelectuais, como também entre os<br />

estudantes, o <strong>de</strong>bate político nos organismos era mínimo e a activida<strong>de</strong> das células<br />

circunscrita a activida<strong>de</strong>s relacionadas com as gran<strong>de</strong>s campanhas políticas do partido<br />

que estivessem relacionadas com as características gerais dos sectores, como campanhas<br />

contra a censura ou pelo restabelecimento das liberda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocráticas.<br />

Os intelectuais mais conhecidos eram controlados individualmente ou então,<br />

quando integrados em células – <strong>de</strong> escritores, <strong>de</strong> artistas plásticos ou <strong>de</strong> economistas, -<br />

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