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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Nessa altura, <strong>de</strong> Coimbra, por exemplo, já tinha saído José Augusto da Silva<br />

Martins, que tivera um papel fundamental no meio académico, para tratar da<br />

“reorganização” no Porto 255 .<br />

As movimentações sociais que ocorrem nesta conjuntura <strong>de</strong> <strong>guerra</strong> e <strong>de</strong><br />

agravamento das condições <strong>de</strong> vida dos trabalhadores e das camadas populares são<br />

ainda movimentações espontâneas, don<strong>de</strong> está ausente a influência do novo partido,<br />

mesmo que tendo tomado, por qualquer meio, conhecimento se pronuncie no domínio<br />

da agitação e da propaganda, quer através <strong>de</strong> panfletos ou nas páginas do seu Avante!.<br />

É isso que suce<strong>de</strong> em diversas localida<strong>de</strong>s e zonas do Ribatejo e do Alentejo,<br />

principalmente 256 , do mesmo modo que, nos meios urbanos e proletários, se assiste ao<br />

“re<strong>de</strong>spertar da agitação social” 257 o ciclo <strong>de</strong> greves ocorridas entre 1942 e 1944 e aos<br />

movimentos rurais <strong>de</strong> 1943-45.<br />

2. A afirmação do novo <strong>PCP</strong><br />

As greves operárias do Outono <strong>de</strong> 1942 marcam o início <strong>de</strong>sse “re<strong>de</strong>spertar”,<br />

numa conjuntura em que se avolumavam os problemas <strong>de</strong> abastecimento, originando o<br />

sistema <strong>de</strong> racionamento e em que, por isso, <strong>de</strong> alguma forma os sinais <strong>de</strong> alerta<br />

estavam dados até pela mensagem que os dirigentes dos Sindicatos Nacionais dirigem a<br />

Salazar, em Abril <strong>de</strong>sse ano, e pela resposta que este lhes dá, recusando-lhes qualquer<br />

papel a esse nível, isto é, qualquer papel <strong>de</strong> natureza efectivamente sindical 258 .<br />

Para mais, um conjunto <strong>de</strong> medidas claramente impopulares vinha agravar essa<br />

situação <strong>de</strong> tensão latente e prestes a transbordar em conflitualida<strong>de</strong> social, como a<br />

obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontos nos salários já por si muito <strong>de</strong>gradados, ou da prestação<br />

das horas extraordinárias pagas apenas a 50%.<br />

As greves irrompem em <strong>Lisboa</strong>, alastrando à sua coroa industrial. Iniciam-se e<br />

<strong>de</strong>senvolvem-se espontaneamente na Carris a meio <strong>de</strong> Outubro, alargando-se aos<br />

Telefones cerca <strong>de</strong> duas semanas <strong>de</strong>pois, quando rompia já o mês <strong>de</strong> Novembro,<br />

ganhando, então em enchente rápida, a a<strong>de</strong>são fundamental dos estaleiros da CUF <strong>de</strong><br />

<strong>Lisboa</strong>, envolvendo os estivadores do Porto <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> e as oficinas da CNN.<br />

255<br />

Cf Centro <strong>de</strong> Documentação do Museu do Neo-Realismo, Espólio Literário <strong>de</strong> Joaquim Namorado, Armando Bacelar,<br />

Resposta..., p. 2<br />

256<br />

Cf Fernando Rosas, As lutas sociais nos campos durante a II Guerra Mundial, in Salazarismo e Fomento Económico,<br />

Editorial Notícias, <strong>Lisboa</strong>, 2000, pp 220-222<br />

257<br />

Cf Fernando Rosas, História <strong>de</strong> Portugal, Sétimo Volume, O Estado Novo,..., pp. 353-369<br />

258<br />

Cf. Fernando Rosas, Portugal entre a Paz e a Guerra (1939-1945), Estampa, <strong>Lisboa</strong>, 1990, p. 376<br />

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