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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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funcionárias das casas clan<strong>de</strong>stinas do <strong>PCP</strong>, cuja publicação se iniciou em Janeiro <strong>de</strong><br />

1946 sob o título 3 Páginas e que se passou a <strong>de</strong>signar A Voz das Camaradas das Casas<br />

do Partido a partir <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1956.<br />

Reportamo-nos em particular a estes títulos, pela sua importância, ainda que<br />

outros mereçam ser igualmente consi<strong>de</strong>rados, não obstante acrescidas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

localização e <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conjunto, como são, <strong>de</strong>signadamente, O Camponês, dirigido<br />

aos assalariados rurais do sul (122 números publicados entre 1946 e 1968), O<br />

Corticeiro, para os operários do sector da cortiça (44 números editados entre 1955 e<br />

1967), O Têxtil, para o respectivo sector industrial (70 números entre 1956 e 1974), a<br />

Terra, dirigido aos camponeses do Norte e do Centro do País, (34 números entre 1949 e<br />

1974) 52 , ou o boletim Portugal/URSS, com cinco números conhecidos publicados em<br />

1958.<br />

Já no que se refere aos panfletos e comunicados, a situação é <strong>de</strong> extensiva<br />

dispersão, pois não existem colecções completas, mas núcleos principalmente apensos a<br />

processos judiciais, constituindo por via disso conjuntos parcelares, correspon<strong>de</strong>ntes a<br />

períodos <strong>de</strong>limitados ou a conjunturas específicas.<br />

Por outro lado, as memórias dos militantes, extravasando mais ou menos a<br />

circularida<strong>de</strong> do discurso político, ajuízam da posição e do ponto <strong>de</strong> vista dos seus<br />

autores. Tratam-se <strong>de</strong> representações sobre experiências <strong>de</strong> vida, invariavelmente<br />

construídas sobre um passado vivido e a partir do momento e das circunstâncias a partir<br />

das quais <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m operar esses trabalhos em volta da memória.<br />

No caso dos dirigentes históricos do <strong>PCP</strong>, por exemplo, cujas memórias têm<br />

vindo a ser editadas pelas Edições Avante!, glosam na generalida<strong>de</strong> a versão oficial dos<br />

acontecimentos vividos e investem sobretudo em aspectos que sendo ser interessantes e<br />

<strong>de</strong> pormenor são pouco substantivos do ponto <strong>de</strong> vista do <strong>de</strong>talhe político ou inci<strong>de</strong>m<br />

então, preferencialmente, na tortura e na vida prisional, tornando-se por vezes<br />

necessário perscrutar nas entrelinhas ou em passagens rápidas e quase inadvertidas.<br />

Francisco Miguel, por exemplo, é autor <strong>de</strong> dois livros <strong>de</strong> memórias, que se<br />

publicaram em 1977 e em 1986, mas cuja narrativa sendo basicamente a mesma, vai<br />

sendo afeiçoada, sem que, ainda assim, sejam abordados aspectos <strong>de</strong> substância. Tendo,<br />

por exemplo, pertencido ao Comando Central da ARA, Acção Revolucionária Armada,<br />

organização armada impulsionada e dirigida pelo <strong>PCP</strong>, afirma no primeiro <strong>de</strong>stes livros<br />

52 CF J.M. [João Ma<strong>de</strong>ira], Imprensa Comunista in Fernando Rosas e J.M. Brandão <strong>de</strong> Brito (Direcção <strong>de</strong>), Dicionário <strong>de</strong><br />

História do Estado Novo, I, s.l., Círculo <strong>de</strong> Leitores, 1996, pp 451-454<br />

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