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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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um trabalho mais <strong>de</strong>strutivo do que construtivo, não procurando formas <strong>de</strong><br />

mobilizar essas massas para a acção política e subtrai-las à influência <strong>de</strong><br />

certos mentores oportunistas dos partidos burgueses, mas limitando-se a<br />

fazer críticas <strong>de</strong>scabeladas a esses mentores ou aos partidos a que eles<br />

pertenciam. Pelas suas posições políticas extremistas, sectárias, esse<br />

movimento apareceu aos olhos <strong>de</strong>ssa gente como um Movimento<br />

expressando uma unida<strong>de</strong> muito limitada, subordinado à tutela da classe<br />

operária e muito estreitamente aparentado com o Partido Comunista…” 618<br />

Se, no plano doutrinário, a única força capaz <strong>de</strong> polarizar os diferentes e<br />

distintos sectores da oposição era o Partido Comunista, se só uma política<br />

revolucionária seria capaz <strong>de</strong> aprofundar as fracturas no regime, separando ao mesmo<br />

tempo <strong>de</strong>le as camadas sociais intermédias, tornava-se inevitável assacar<br />

responsabilida<strong>de</strong>s aos militantes comunistas que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> início sempre tinham sufocado o<br />

MND.<br />

O que estava em causa era assim a prática do Partido no seio dos próprios<br />

movimentos que única e directamente incentivaram e controlaram. Se, no plano dos<br />

princípios, os militantes comunistas <strong>de</strong>viam aparecer no trabalho unitário como mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> compreensão, <strong>de</strong> maleabilida<strong>de</strong> política, <strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> concertação, no terreno era o<br />

contrário que se passava:<br />

“(…) os membros do Partido têm aparecido nessas organizações como<br />

elementos esquemáticos, fechados, sectários, que criam conflitos com os<br />

elementos sem-partido, que não os sabem ouvir e os colocam, muitas vezes,<br />

perante factos consumados. A intransigência e o dogmatismo dos militantes<br />

do Partido nesses movimentos não aparece na maioria dos casos ligado a<br />

questões <strong>de</strong> princípio, o que era justo, mas a questões puramente<br />

secundárias, transformando-se assim em autênticos travões ao alargamento<br />

da unida<strong>de</strong>. Esta posição fechada e rígida dos militantes do partido nesses<br />

movimentos tem-nos enfraquecido e não tem permitido que eles,<br />

aproveitando e alargando as condições objectivas existentes, se tenham<br />

fortalecido e transformado em largos movimentos <strong>de</strong> massas, como podiam<br />

e <strong>de</strong>viam” 619 .<br />

618 Ramiro [Júlio Fogaça], Balanço da situação política nacional, Abril <strong>de</strong> 1955, dact., p. 2, in IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, P. 185-GT,<br />

[62]<br />

619 I<strong>de</strong>m, p. 2-A, [63]<br />

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