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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Moura, empregado <strong>de</strong> seguros; Chaves Alves, funcionário público e Manuel da Costa,<br />

da Refinaria Nacional 826 .<br />

Por esta via, Capinha receberia <strong>de</strong> Alda Nogueira a quantia <strong>de</strong> 2.000$00 do<br />

partido para cobrir <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> expediente e tipografia 827 , o que dá i<strong>de</strong>ia das<br />

dificulda<strong>de</strong>s financeiras com que a candidatura se continuava a <strong>de</strong>parar, ameaçando<br />

aliás soçobrar se por aqueles dias não se conseguissem 20 contos 828<br />

Capinha integraria ainda um organismo com José António Caetano e Américo<br />

Marques Pereira, também da Carris, cuja tarefa era realizarem reuniões amplas <strong>de</strong><br />

trabalhadores pelo país, sendo Caetano incumbido <strong>de</strong> contactar Arnaldo Mesquita, no<br />

Porto; Mário Sacramento, em Aveiro ou Alberto Vilaça, em Coimbra para esse efeito,<br />

metendo, quer Caetano como Capinha pelo menos, dias <strong>de</strong> férias para esse trabalho 829 .<br />

Ao mesmo tempo, o partido intensificava a propaganda, quer distribuindo<br />

panfletos quer fazendo pinchagens, o que alarmava inclusivamente alguns militantes<br />

legais, receosos <strong>de</strong> que tanto frenesim pu<strong>de</strong>sse suscitar uma ofensiva repressiva. Em<br />

<strong>Lisboa</strong>, em meados <strong>de</strong> Abril, escrevia-se nas pare<strong>de</strong>s frases como “Votem no Arlindo”,<br />

“Se queres um Portugal valente, vota pelo Vicente” ou “Operários só no Arlindo” 830 .<br />

Mas quando Arlindo Vicente conce<strong>de</strong> a conferência <strong>de</strong> imprensa a meio <strong>de</strong> Maio,<br />

já havia dias que Humberto Delgado proferira a frase incendiária – “Demito-o,<br />

obviamente”, referindo-se à atitu<strong>de</strong> que tomaria em relação a Salazar, caso ganhasse as<br />

eleições.<br />

Aliás, no mesmo dia em que a conferência se realiza está a <strong>de</strong>correr no Porto a<br />

primeira gran<strong>de</strong> acção <strong>de</strong> campanha do general que lhe há-<strong>de</strong> conferir um carácter<br />

massivo, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> combativida<strong>de</strong> e audácia e <strong>de</strong>terminar o seu ulterior<br />

<strong>de</strong>senvolvimento. A imprensa não resistirá ao ambiente vivido:<br />

“Quase arrancado, o general Humberto Delgado foi arrastado alguns<br />

metros pelos que estavam mais próximo, <strong>de</strong> que sempre a sorrir se<br />

<strong>de</strong>senvencilhou a custo, caminhando para o automóvel com dificulda<strong>de</strong>,<br />

ro<strong>de</strong>ado da multidão que rompera o cordão da polícia e o ro<strong>de</strong>ara até à<br />

Praça on<strong>de</strong> a sua aparição foi saudada com uma salva <strong>de</strong> palmas vibrante,<br />

agitando-se lenços <strong>de</strong> todas as janelas fronteiras. (...) As aclamações não<br />

826<br />

Cf Auto <strong>de</strong> Perguntas a Jorge Mateus <strong>de</strong> Moura, em 22 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1959, in TCL, 4º JCL, Processo 49/60 [45074], 1º vol.,<br />

fls 32-54<br />

827<br />

Cf. Auto <strong>de</strong> Perguntas a Constantino da Silva Capinha, em 19 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1958 in IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, PC 911/58, [40-<br />

41]<br />

828<br />

Cf. Informação “Maya”, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1958, in Processo 1546/57-SR, 3º vol., [609-610]<br />

829<br />

Cf. Auto <strong>de</strong> Perguntas a Constantino da Silva Capinha, em 2 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1958, PC 911/58, [25-30]<br />

830<br />

Relatório do guarda 5072 da 1ª esquadra da PSP <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1958, in Processo 1546/57-SR, 2º vol., [121]<br />

326

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