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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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No organismo <strong>de</strong> Direcção do sector estudantil <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, o mesmo <strong>de</strong>bate<br />

suscitara, pouco antes, idêntico quadro. João Aires Teixeira (Men<strong>de</strong>s), estudante <strong>de</strong><br />

Ciências concorda com os sete pontos programáticos reiterados pelo Relatório, mas<br />

afirma que não se apresentam os caminhos a seguir para os concretizar e que o<br />

documento acaba assim por ter uma incidência maior na intervenção táctica do que na<br />

estratégica. Mais complacente, António Crisóstemo Teixeira, também da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ciências, consi<strong>de</strong>ra que o documento surge na altura certa, já que a situação política o<br />

impunha, mas enten<strong>de</strong> que não respon<strong>de</strong> acerca do que é uma luta popular <strong>de</strong> massas 1380 ,<br />

aspecto afinal essencial no entendimento do eixo pelo qual o Relatório se distanciava<br />

das acções violentas, tão enfaticamente combatidas fora dos estreitos limites em que<br />

eram formalmente admitidas.<br />

Mais radical é, fora <strong>de</strong>stes organismos intermédios, a posição <strong>de</strong> Francisco<br />

Chaves, estudante <strong>de</strong> Económicas que <strong>de</strong>sabridamente diz que as críticas da base não<br />

chegam à direcção do partido e que o Rumo à Vitória tem dados falseados, <strong>de</strong>mitindo-se<br />

do partido 1381 .<br />

O sector estudantil era, evi<strong>de</strong>ntemente, um sector muito específico, on<strong>de</strong> se<br />

disseminavam facilmente tendências radicais e on<strong>de</strong> os militantes, com maior facilida<strong>de</strong><br />

no domínio do estudo da doutrina, mais vincadas tendências críticas expressavam.<br />

A situação no sector era bastante turbulenta, mas o Relatório conseguia ir<br />

polarizando e reagrupando no interior das fileiras do partido muitos dos que num clima<br />

<strong>de</strong> radicalização haviam vincado as suas críticas ao Comité Central e, objectivamente,<br />

tinham em Martins Rodrigues uma referência política incontornável. Alguns <strong>de</strong>les<br />

reconhecem mesmo ter sido atraídos por essas i<strong>de</strong>ias, mas esclarecidos <strong>de</strong>pois com a<br />

leitura do documento.<br />

Ainda que com características diferentes, com maior consciência <strong>de</strong> classe, era<br />

assim também entre os sectores operários da Margem Sul do Tejo, on<strong>de</strong> há muito se<br />

vinham configurando núcleos <strong>de</strong> militantes ou ex-militantes que entendiam que o<br />

partido não correspondia às suas expectativas e às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recorrer à violência<br />

para <strong>de</strong>rrubar o regime.<br />

Desse ponto <strong>de</strong> vista, o Rumo à Vitória constituindo o documento fundamental<br />

em que iria assentar o projecto <strong>de</strong> programa, continha <strong>de</strong> igual modo o essencial das<br />

1380 Cf. I<strong>de</strong>m, Opiniões manifestadas, Outubro/Novembro <strong>de</strong> 1964, [561-563]<br />

1381 Cf. I<strong>de</strong>m, Problemas levantados ao Partido por “Alfredo”…., [572]<br />

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