19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tempo, a posição formal que sustentava era <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação em relação a este tipo <strong>de</strong><br />

soluções, esboçando o que <strong>de</strong>veria ser a via para o <strong>de</strong>rrube do regime:<br />

“O Partido <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o fascismo será <strong>de</strong>rrubado numa situação<br />

insurreccional e esta só po<strong>de</strong>rá ser criada pela luta <strong>de</strong> massas” 285<br />

Álvaro Cunhal esclarece no seu no seu informe como a insurreição a partir dos<br />

movimentos <strong>de</strong> massas suscitaria o arrastamento <strong>de</strong> sectores da Forças Armadas e dos<br />

aparelhos policiais para o apoio a essa insurreição.<br />

Todavia, naquele momento, não era a questão da insurreição que se colocava,<br />

mas apenas a disposição e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prosseguir caminho com vista a novas e<br />

maiores acções ofensivas, que agravassem a soli<strong>de</strong>z do regime e fortalecessem o<br />

movimento operário e <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> anti-fascista.<br />

Na visão bietápica da revolução, que o VII Congresso da IC alimentou e que a<br />

conjuntura <strong>de</strong> <strong>guerra</strong> afeiçoou, o carácter <strong>de</strong> libertação nacional atribuído ao movimento<br />

<strong>de</strong> frente política a empreen<strong>de</strong>r em Portugal enquadra-se na concepção <strong>de</strong> que a<br />

primeira etapa a cumprir seria a da revolução <strong>de</strong>mocrático-burguesa, por fazer,<br />

condição, por sua vez indispensável para que a revolução se tornasse ou aproximasse do<br />

socialismo.<br />

A representação <strong>de</strong> Portugal como país semi-colonial, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

imperialismo, politicamente alinhado com o Eixo, ignominiosamente traído por Salazar<br />

completavam-se com um quadro económico-social pintado em tons carregados, ainda<br />

que <strong>de</strong> modo superficial, no informe apresentado ao III Congresso do <strong>PCP</strong>.<br />

Na caracterização <strong>de</strong>ssa situação combina-se o legado kominterniano <strong>de</strong> 1935,<br />

composto por todo o arsenal <strong>de</strong> conceitos e grelhas <strong>de</strong> leitura social que foram aí<br />

<strong>de</strong>senvolvidas principalmente nas diferentes intervenções <strong>de</strong> Dimitrov: o fascismo traz<br />

às massas um nível <strong>de</strong> vida mais miserável, o espectro da <strong>guerra</strong> para a juventu<strong>de</strong>, o<br />

<strong>de</strong>semprego ou a ruína dos camponeses 286 .<br />

Cunhal <strong>de</strong>dica precisamente as primeiras palavras do seu informe à miséria e à<br />

exploração brutal dos trabalhadores, à ruína dos pequenos lavradores, comerciantes e<br />

industriais, ao “o <strong>de</strong>scalabro <strong>de</strong> toda a economia nacional” 287 , o que correspondia em<br />

absoluto à situação vividsa no país.<br />

285 I<strong>de</strong>m<br />

286 Cf. George Dimitrov, A luta contra o fascismo, Relatório e Discursos ao VII Congresso da Internacional Comunista,<br />

Edições Ban<strong>de</strong>ira vermelha, <strong>Lisboa</strong>, 1977, pp 31-32<br />

287 Duarte [Álvaro Cunhal], in Unida<strong>de</strong> da Nação Portuguesa..., p. 2<br />

109

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!