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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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patrulha as ruas, impedindo ajuntamentos, intimidando, procurando a todo o custo evitar<br />

que grupos <strong>de</strong> populares se concentrassem.<br />

A Guarda, inquieta com as movimentações da população, teme que uma<br />

manifestação entretanto formada com 300 pessoas assalte o posto, exigindo a libertação<br />

dos presos. Os acontecimentos precipitam-se e fazem <strong>de</strong>spoletar o esquema preparado<br />

para o 1º <strong>de</strong> Maio. As forças policiais são vaiadas e apedrejadas ao mesmo tempo que<br />

os manifestantes gritam “Abaixo o salazarismo”, “Abaixo a <strong>guerra</strong> <strong>de</strong> Angola”,<br />

“Amnistia”. Reagem a tiro e liquidam dois dos manifestantes – António Adanjo,<br />

militante do <strong>PCP</strong> e Francisco Ma<strong>de</strong>ira, ambos mineiros – ferindo outros quatro, entre os<br />

quais duas mulheres 1180 .<br />

O tom para o 1º <strong>de</strong> Maio estava dado. As manifestações iriam passar por<br />

confrontos e escaramuças com a polícia, introduzindo um elemento fundamental <strong>de</strong><br />

violência e radicalida<strong>de</strong>.<br />

Em <strong>Lisboa</strong>, a concentração foi marcada para o Terreiro do Paço. Vagueavam<br />

pelo local cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil pessoas, in<strong>de</strong>cisas, até que um grupo se juntou dando vivas à<br />

liberda<strong>de</strong>, o que polarizou os manifestantes, intervindo a polícia à coronhada para os<br />

dispersar para as ruas da Baixa., que se encheram <strong>de</strong> gente aos gritos “Bandidos”,<br />

“Assassinos”. Destacam-se brigadas <strong>de</strong> choque dispostas a enfrentar a polícia à pedrada,<br />

que respon<strong>de</strong> a tiro. Há tentativas <strong>de</strong> assalto ao Aljube para libertar os presos políticos.<br />

A contenda arrasta-se noite fora, espalhando-se por uma vasta zona, com a polícia <strong>de</strong><br />

choque a ocupar as ruas e os cruzamentos e a carregar sucessivamente. Arrancam-se as<br />

pedras dos passeios, as placas <strong>de</strong> sinalização, blocos <strong>de</strong> cimento com tubos e correntes,<br />

tudo serve para enfrentar as forças policiais. Há feridos <strong>de</strong> parte a parte 1181 e é morto<br />

Estêvão Giro, militante do <strong>PCP</strong> 1182 .<br />

A estrutura dirigente das acções do 1º <strong>de</strong> Maio em <strong>Lisboa</strong> era orientada por José<br />

Magro, do Comité Central, coadjuvado por Manuel Estanqueiro Nunes, Pedro Lourenço<br />

dos Santos e José Bernardino, que integravam o Comité Local <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>. Magro era<br />

controlado por sua vez ao nível do Secretariado do <strong>PCP</strong> por António Dias Lourenço 1183 .<br />

1180<br />

Cf. Guarda Nacional Republicana. Batalhão 3, O Comandante do Batalhão, Inci<strong>de</strong>ntes por alteração da or<strong>de</strong>m Pública<br />

ocorridos em ALJUSTREL no dia 28 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1952 [sic], Évora, 4 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1962, dact., 3 pp, [Documento cedido por<br />

Dulce Freire e Inês Fonseca]<br />

1181<br />

IAN/TT, TCL, 1º JC, P. 16520/64, 3º vol., Relatos sobre a manifestação do 1º <strong>de</strong> Maio, Maio <strong>de</strong> 1962, dact., 4 pp, apenso a<br />

fls 216<br />

1182<br />

Cf. Partido Comunista Português, 60 anos <strong>de</strong> luta ao serviço do Povo e da Pátria. 1921-1981, Edições Avante!, <strong>Lisboa</strong>, 1982,<br />

p. 82<br />

1183<br />

Cf. IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, P. 507/GT, Controle <strong>de</strong> “Fernando”. Ponto <strong>de</strong> apoio para reunião <strong>de</strong> organismo <strong>de</strong> direcção<br />

intermédia. Movimentação. De 29 <strong>de</strong> Abril a 2 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1962, dact., 3 pp, [594-596]<br />

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