19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“Presentemente, a ilegalização dum quadro não significa que esse quadro tenha<br />

entrado no quadro <strong>de</strong> funcionários do Partido, como também os quadros que vêm a<br />

tarefas técnicas, ou as camaradas mulheres das casas ilegais do Partido que não se<br />

disponham a servir o Partido, sem hesitações não po<strong>de</strong>m também ser consi<strong>de</strong>radas<br />

funcionárias do Partido. Esta atitu<strong>de</strong> não significa que a todos estes camaradas esteja<br />

vedada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrar no quadro <strong>de</strong> funcionários do Partido; ao contrário,<br />

essa possibilida<strong>de</strong> está para eles completamente aberta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, com o seu trabalho<br />

abnegado, com a firme <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> servir o Partido e a classe operária, com modéstia e<br />

espírito <strong>de</strong> sacrifício, com firmeza política e i<strong>de</strong>ológica, ganham por si e com a ajuda<br />

do Partido esse direito” 1475 .<br />

Esta concepção introduzia diferenciações fundamentais no corpo <strong>de</strong> funcionários<br />

do <strong>PCP</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das tarefas concretas que <strong>de</strong>sempenhavam. Distinguia<br />

funcionários técnicos <strong>de</strong> funcionários <strong>de</strong> organização, com os primeiros entregues às<br />

tipografias, à falsificação <strong>de</strong> documentos, à manutenção e apoio às casas clan<strong>de</strong>stinas ou<br />

a instalações logísticas e os segundos com funções <strong>de</strong> controlo político <strong>de</strong> organizações<br />

ou sectores da activida<strong>de</strong> partidária.<br />

Mas, ao mesmo tempo, isso permitia uma manipulação conveniente sobre os<br />

quadros funcionalizados, em particular que tivessem funções <strong>de</strong> organização e que<br />

entrassem num processo <strong>de</strong> divergência política.<br />

Fora aliás isso que acontecera com José Morais, que ao passar à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong><br />

lhe foram atribuídas funções <strong>de</strong> controlo político nos sectores estudantis <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>.<br />

Coimbra e Porto. Porém, como refere, “(…) eu não era funcionário. Estava para ser<br />

promovido a “funcionário”, mas comecei a exprimir as minhas divergências, e fiquei<br />

apenas como “quadro ilegal” 1476 , até ser formalmente expulso em 1968,<br />

<strong>de</strong>sempenhando funções <strong>de</strong> apoio.<br />

Expulsá-lo logo implicava um risco gran<strong>de</strong> sobre o sector que controlava, já que<br />

contactando esses sectores, o partido corrias o risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o controlo sobre os seus<br />

actos.<br />

Retirado <strong>de</strong>ssas tarefas, passou a acolher na sua instalação clan<strong>de</strong>stina reuniões<br />

<strong>de</strong> organismos <strong>de</strong> direcção regional ou assegurar a permanência temporária <strong>de</strong> membros<br />

da direcção.<br />

1475 I<strong>de</strong>m, p. 7<br />

1476 Ama<strong>de</strong>u Lopes Sabino, Jorge <strong>de</strong> Oliveira e Sousa, José Morais e Manuel Paiva, À espera <strong>de</strong> Godinho…,p. 69<br />

611

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!