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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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A violência como factor fundamental para o <strong>de</strong>rrube do regime era uma i<strong>de</strong>ia<br />

que se ia disseminando na oposição, tema presente no centro dos <strong>de</strong>bates travados em<br />

torno da constituição da Frente Patriótica <strong>de</strong> Libertação Nacional.<br />

Segundo Manuel Sertório, o que a conferência <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1962, que funda<br />

a FPLN, trouxera <strong>de</strong> mais relevante por parte do <strong>PCP</strong> fora o reconhecimento da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> organismos para a realização <strong>de</strong> acções violentas contra o<br />

regime no quadro da própria Frente 1289 , que não seriam as Juntas <strong>de</strong> Acção Patriótica,<br />

mas sim organismos especiais criados para o efeito.<br />

Este aspecto reflectia em boa medida a pressão por acções radicais vinda <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro do <strong>PCP</strong>, evi<strong>de</strong>ntemente, mas vinda fundamentalmente <strong>de</strong> sectores populares cada<br />

vez mais vastos e <strong>de</strong> outras correntes e personalida<strong>de</strong>s oposicionistas, que integravam a<br />

FPLN.<br />

Porém, a Frente enredava-se num conjunto <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s e problemas que a<br />

bloqueavam organicamente. A Comissão Delegada tardava em constituir-se e em<br />

funcionar, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juntas crescia no interior do país a um ritmo muito lento e as que se<br />

iam formando rapidamente estiolavam.<br />

Por outro lado, permanecia em aberto a querela entre a chamada Junta Patriótica<br />

Central e a Comissão Delegada Provisória, pois, no seguimento das conclusões da<br />

Conferência <strong>de</strong> Roma, o Partido Comunista fazia gran<strong>de</strong> finca-pé em que a Junta<br />

Central <strong>de</strong>veria estar no interior do país, cabendo-lhe a direcção efectiva da Frente,<br />

enquanto que à Comissão Delegada, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte daquela, ficaria incumbida da<br />

representação externa.<br />

A Junta Central não existia e à medida que o tempo passava tornavam-se mais<br />

evi<strong>de</strong>ntes as dificulda<strong>de</strong>s na sua constituição. O <strong>PCP</strong> verberava não só contra esta<br />

situação, como especialmente contra os <strong>de</strong>svios esquerdistas latejantes, afirmando ser<br />

“necessário combater as i<strong>de</strong>ias erradas dos que preten<strong>de</strong>m arrastar o movimento<br />

nacional anti-fascista para acções aventureiras e ao mesmo tempo combater as<br />

posições <strong>de</strong> apatia e expectativa” 1290 , mas, na realida<strong>de</strong>, as Juntas patinavam e a sua<br />

constituição e dinamização no interior do país <strong>de</strong>pendia fundamentalmente da<br />

organização comunista, sem que se vissem, ainda assim, resultados.<br />

Nestas circunstâncias, a direcção da FPLN iria ser efectivamente instalada no<br />

exterior e essas funções assumidas na prática pela Comissão Delegada. Só que o <strong>PCP</strong><br />

1289 Cf. Manuel Sertório, Humberto Delgado. 70 cartas inéditas, <strong>Lisboa</strong>, Praça do livro, 1978, pp 47-48<br />

1290 Cf. A Frente Patriótica <strong>de</strong> Libertação Nacional realiza-se na acção, in Avante!, VI série, 331, Julho <strong>de</strong> 1963<br />

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