19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

elementos do Secretariado do Comité Central. Haveria inclusivamente sinais <strong>de</strong> que<br />

sectores partidários operários mais combativos, no Ribatejo e nas construções navais <strong>de</strong><br />

<strong>Lisboa</strong>, por exemplo, queriam avançar e apenas esperavam a indicação do <strong>PCP</strong>.<br />

Porém, quando, finalmente, o Secretariado <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> avançar para a greve, fixar<br />

datas e tomar medidas organizativas nesse sentido o tempo havia voado. O movimento,<br />

a 8 e 9 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1944 assentava num esquema semelhante ao do verão anterior:<br />

Paralisação nas fábricas on<strong>de</strong> a organização partidária era mais forte, organização <strong>de</strong><br />

marchas <strong>de</strong> fome pelas ruas, arrastando outras fábricas, oficinas e sectores sociais.<br />

Dos 150 a 200 mil trabalhadores que se esperava envolver, apenas teriam<br />

a<strong>de</strong>rido 25 mil. Houve sectores que se retraíram, particularmente em <strong>Lisboa</strong> e na<br />

Margem Sul, empresas <strong>de</strong> referência nessas zonas que se haviam <strong>de</strong>stacado antes, como<br />

a CUF e a Parry & Son não a<strong>de</strong>riram. O gran<strong>de</strong> impacto da greve centrou-se<br />

basicamente na corda industrial aquém <strong>de</strong> Vila Franca – Alhandra, Sacavém e nos<br />

campos em volta 293 .<br />

Quando se começa a proce<strong>de</strong>r ao balanço, ainda durante a greve, a opinião da<br />

maior parte dos quadros que integravam o Comité Dirigente <strong>de</strong> Greve era que o partido<br />

saíra abalado do movimento 294 e a sua amplitu<strong>de</strong> fora fraca, porém “Se, duma análise<br />

cuidadosa e sem levianda<strong>de</strong> da situação, se concluir que há boa disposição das massas<br />

para irem para a luta e que a nossa organização está à altura, há que preparar <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

já um novo movimento, com toda a energia e audácia mas preparar a sério, e não<br />

ficando-nos no po<strong>de</strong>r miraculoso <strong>de</strong> um manifesto” 295<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r a uma avaliação mais aprofundada do movimento<br />

grevista terá sido uma das razões que justificaram a realização <strong>de</strong> uma reunião plenária<br />

do Comité Central do <strong>PCP</strong> a 30 <strong>de</strong>sse mês.<br />

A discussão é feita com base numa intervenção ou num informe apresentado por<br />

Alfredo Dinis – As lutas <strong>de</strong> 8 e 9 Maio e a aliança do proletariado e do campesinato,<br />

no qual conclui que se tratou <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> vitória com malogro nalguns aspectos.<br />

Reconhece que o partido foi capaz <strong>de</strong> realizar as consignas da luta por pão e<br />

géneros com prontidão e firmeza e conseguiu em maior ou menor escala envolver<br />

sectores <strong>de</strong> assalariados rurais, que <strong>de</strong>signa <strong>de</strong> aliança com o campesinato. Porém<br />

reconhece também que o número <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sões à greve não ultrapassou a meta<strong>de</strong> dos que<br />

no verão anterior se haviam envolvido.<br />

293 Cf. As greves <strong>de</strong> 8 e 9 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1944, Edições Avante!, <strong>Lisboa</strong>, 1979<br />

294 Cf. I<strong>de</strong>m, pp 31-35<br />

295 I<strong>de</strong>m, p. 38<br />

113

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!