19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

compreen<strong>de</strong>r a situação política nacional e internacional e prestar apoio e solidarieda<strong>de</strong><br />

activa à URSS; para respon<strong>de</strong>r eficazmente à propaganda fascista que se apo<strong>de</strong>rara do<br />

sentimento nacional para, através <strong>de</strong>le, justificar a política <strong>de</strong> <strong>guerra</strong>.<br />

Passando <strong>de</strong>pois em revista conceitos não marxistas <strong>de</strong> nação centra-se na<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Staline, consi<strong>de</strong>rado o maior teórico do marxismo – “Comunida<strong>de</strong> estável<br />

historicamente constituída <strong>de</strong> língua, <strong>de</strong> território, <strong>de</strong> vida económica e <strong>de</strong> formação<br />

psíquica e que se traduz na comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultura” 334 .<br />

Surge então explicitada a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Portugal ser, por um lado, um país<br />

colonizador, “que exerce o imperialismo” e, ao mesmo tempo, por outro, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

imperialismo, apreciação que se tornará, segundo o <strong>PCP</strong>, uma das bases para a<br />

caracterização do país.<br />

A libertação nacional não seria obra <strong>de</strong> uma classe, mas <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong><br />

nacional, cabendo à classe operária o papel <strong>de</strong> vanguarda. O que se pretendia<br />

<strong>de</strong>monstrar era que não obstante as contradições entre o proletariado e as burguesias dos<br />

países coloniais e semi-coloniais, a luta contra a dominação imperialista favoreceria, a<br />

prazo, os interesses do proletariado a caminho do socialismo.<br />

Este veio nacional era historicamente legitimado pelos gran<strong>de</strong>s movimentos<br />

nacionais e populares – 1383-85, 1637-40, 1817, a revolta da Maria da Fonte ou o 31 <strong>de</strong><br />

Janeiro <strong>de</strong> 1891, assim como “o labor histórico dos nossos navegadores” 335 e toda a<br />

obra cultural e artística nacional. A <strong>de</strong>cadência, os períodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência eram, por sua<br />

vez, vistos como resultado da “megalomania da conquista que levara Portugal à perda<br />

da in<strong>de</strong>pendência e ao marasmo” 336 .<br />

Este ponto <strong>de</strong> vista aproximava-se, no fundo, do diagnóstico que havia sido<br />

produzido pela intelectualida<strong>de</strong> crítica do último quartel do século XIX, casando-o<br />

naturalmente com a sebenta estaliniana dos Fundamentos do leninismo ou O Marxismo<br />

e a questão nacional, <strong>de</strong>vidamente retocados e entrecruzados com a nova conjuntura<br />

internacional.<br />

Em O Militante, uma longa citação <strong>de</strong> Lenine a que foi dado o título <strong>de</strong><br />

Marxismo e Pátria 337 , cirurgicamente escolhida, explicava como ao proletariado não<br />

<strong>de</strong>via ser indiferente a pátria em que vive, pois é da situação que aí vive que <strong>de</strong>correm<br />

334 Cit. in A nova divisão administrativa <strong>de</strong> Portugal, Editorial “Avante!”, s.l., s.d., p. 5<br />

335<br />

i<strong>de</strong>m., p. 16<br />

336<br />

I<strong>de</strong>m<br />

337<br />

Cf. Marxismo e Pátria, in O Militante, III série, 17, Fevereiro <strong>de</strong> 1943<br />

126

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!