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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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O discurso do Partido Comunista não apresentava, <strong>de</strong> resto, qualquer rasgo <strong>de</strong><br />

flexibilida<strong>de</strong> para procurar atrair nem que fosse uma parte dos seus antigos aliados mais<br />

à esquerda. Ainda antes dos dirigentes da União Socialista se terem inclinado<br />

completamente para Quintão <strong>de</strong> Meireles, o Avante! vergastava-os <strong>de</strong> um modo tão<br />

violento que qualquer aproximação se tornava objectivamente impossível:<br />

da Paz 505 .<br />

“(...) os dirigentes da União Socialista, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem falhado<br />

todas as suas tentativas para imporem a sua vonta<strong>de</strong> ao MUNAF e ao<br />

MUD – vonta<strong>de</strong> que consistia em arrastar os <strong>de</strong>mocratas e o povo a<br />

participarem nas manobras fascistas eleitorais – romperam<br />

criminosamente a unida<strong>de</strong> e tudo fizeram e fazem, para sabotar a unida<strong>de</strong><br />

dos <strong>de</strong>mocratas consequentes, unidos no MND e no Movimento Nacional<br />

para a Defesa da Paz.<br />

Desta forma, tais dirigentes ajudam directamente a camarilha<br />

salazarista contra os <strong>de</strong>mocratas e os Partidários da Paz, revelando-se,<br />

portanto, inimigos fidagais da Paz e da Democracia” 504<br />

Não obstante, será sempre apresentado como candidato do Povo, da República e<br />

O manifesto <strong>de</strong> Ruy Luis Gomes elaborará o seu manifesto, organiza-se em três<br />

gran<strong>de</strong>s eixos – República e Liberda<strong>de</strong>, Pão e Trabalho, In<strong>de</strong>pendência Nacional e Paz –<br />

cada um dos quais <strong>de</strong>sdobrando-se quer num sucinto diagnóstico quer em<br />

reivindicações concretas e específicas, fosse a abolição da censura ou a supressão da<br />

Pi<strong>de</strong>, salário igual para trabalho igual ou barateamento do crédito à lavoura, redução<br />

geral do armamento ou pacto entre as cinco gran<strong>de</strong>s potências.<br />

Reafirmava aí a sua disposição <strong>de</strong> retirar a candidatura se as três condições<br />

mínimas anteriormente enunciadas não fossem acatadas pelo regime e <strong>de</strong>clarava que o<br />

seu programa <strong>de</strong> governo era <strong>de</strong> transição – governo <strong>de</strong>mocrático, dissolução da<br />

Assembleia Nacional, restabelecimento das liberda<strong>de</strong>s fundamentais e realização <strong>de</strong><br />

eleições livres 506 .<br />

O isolamento do candidato e a pequenez da candidatura eram evi<strong>de</strong>ntes. Dar ao<br />

professor sinais <strong>de</strong> apoio tornava-se fundamental. Ser-lhe-ão enviadas muitas cartas,<br />

mensagens, abaixo-assinados que revelam pouco espontâneo e muito <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong><br />

504 Os dirigentes da União Socialista são inimigos da Unida<strong>de</strong> e da Paz, in Avante!, VI série, 159, Maio <strong>de</strong> 1951<br />

505 A Comissão Central, Movimento Nacional Democrático. O Povo tem um candidato, 20 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1951, in José Silva,<br />

Memórias..., 2º vol., pp 356-362<br />

506 Cf., Ruy Luís Gomes, Ao Povo, 8 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1951, imp., 1 p.<br />

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