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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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econhecimento, apoio, solidarieda<strong>de</strong>, o <strong>PCP</strong>, pela sua parte vai <strong>de</strong>clarando como “A<br />

Jornada <strong>de</strong> Reconciliação Nacional e o trabalho <strong>de</strong> massas do Partido Comunista <strong>de</strong><br />

Espanha proporcionaram experiências muito úteis ao Partido Comunista Português e<br />

às forças <strong>de</strong>mocráticas portuguesas para a sua luta contra o salazarismo” 938 e, ambos,<br />

fazendo profissão <strong>de</strong> fé na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções pacíficas nos dois países.<br />

O afastamento <strong>de</strong> Salazar por via pacífica constituía o novo eixo fundamental do<br />

dispositivo táctico do <strong>PCP</strong>. A base política e social que o permitiria radicava na ampla<br />

unida<strong>de</strong> anti-salazarista – dos comunistas aos <strong>de</strong>scontentes do regime, da classe operária<br />

à burguesia nacional. Para os dirigentes comunistas, <strong>de</strong>ste ponto <strong>de</strong> vista seria coerente<br />

falar em reconciliação e em concórdia nacional, como se o afastamento <strong>de</strong> Salazar<br />

abrisse campo a um processo <strong>de</strong> transição <strong>de</strong>mocrática aceite pelos comunistas.<br />

Esta concepção tinha um campo tanto maior <strong>de</strong> aplicação à direita quanto mais<br />

liberta estivesse do movimento <strong>de</strong> massas, das acções <strong>de</strong> rua e das lutas dos operários e<br />

trabalhadores, como se ia apresentando objectivamente a situação política e social na<br />

viragem 1958-59.<br />

Mas, por outro lado, o terreno fértil para que essa aplicação se fizesse, que era o<br />

dos acordos por cima, entre organizações, mas principalmente até com personalida<strong>de</strong>s<br />

individualmente consi<strong>de</strong>radas, implicava espaços que o tornassem possível, que era o<br />

que se minguava aceleradamente quer com a Junta <strong>de</strong> Libertação Nacional quer com o<br />

Movimento Nacional In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Parecia restar apenas, como expectativa mais imediata os manejos e<br />

conspirações militares ligados <strong>de</strong> algum modo a Delgado ou ao seu pequeno núcleo <strong>de</strong><br />

apoiantes que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a campanha eleitoral praticamente não tinha feito outra coisa.<br />

A negação da via putschista era um componente política do <strong>PCP</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos<br />

quarenta, veementemente combatida nessa década. Continuava formalmente a sê-lo.<br />

Mas, do mesmo modo que a atenção a esses movimentos não significava que para lá da<br />

crítica incisiva não fossem olhados pelas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> êxito que eventualmente<br />

encerrassem.<br />

Na conjuntura que então se vivia, as informações <strong>de</strong> golpe em preparação<br />

chegavam com maior ou menor <strong>de</strong>talhe aos órgãos executivos do <strong>PCP</strong>. O malogro do<br />

ensaio golpista antes das eleições, mas isso não susteria a azáfama dos jovens<br />

conspiradores em conexão directa com Delgado até este pedir asilo na embaixada do<br />

Brasil, com novos ensaios sucessivamente calendarizados, mas adiados ou gorados.<br />

938 Declaração comum do Partido Comunista Português e do Partido Comunista <strong>de</strong> Espanha, Novembro <strong>de</strong> 1958<br />

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