19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

profundamente errada pois assentava em bases falsas, numa interpretação oportunista<br />

e pequeno burguesa na correlação <strong>de</strong> forças <strong>de</strong>ntro do mundo capitalista. Era toda ela<br />

profundamente errada porque relegava para um segundo plano, na luta contra o<br />

fascismo, a acção do Partido, da classe operária e das massas.” 593 .<br />

O relatório a que Sérgio Vilarigues proce<strong>de</strong>, em Junho <strong>de</strong> 1953 já não se reporta a<br />

Fogaça que vinha sendo, como ele, membro do Secretariado, mas sim a outros,<br />

particularmente aqueles a quem as atribulações repressivas e a prisão haviam retardado<br />

as indispensáveis autocríticas.<br />

De qualquer modo, Vilarigues fala já da “Política <strong>de</strong> Transição” como qualquer<br />

coisa que pertence ao passado, do qual o partido se havia libertado para que pu<strong>de</strong>sse,<br />

com alívio, dizer que caso não tivesse sido jugulada à nascença e tivesse triunfado,<br />

“teria causado problemas que nem sequer po<strong>de</strong>mos calcular” 594 .<br />

Doravante qualquer crítica formulada a Fogaça passava a ser encarada como<br />

<strong>de</strong>sconfiança em relação ao Secretariado que, se o havia chamado a si, é porque<br />

concluíra da sua recuperação por via da autocrítica.<br />

Alguns militantes acabariam expulsos por nunca se terem conformado com esta<br />

reabilitação <strong>de</strong> Fogaça e porque entendiam que este nunca se teria libertado da “Política<br />

<strong>de</strong> Transição”.<br />

Uma carta <strong>de</strong> um militante não i<strong>de</strong>ntificado, que havia estado preso no Tarrafal<br />

quer com Fogaça quer com Bento Gonçalves, provavelmente Gabriel Pedro, enviada ao<br />

CC pouco <strong>de</strong>pois da publicação do folheto do Secretariado em 1951, afirmava que eram<br />

incompletos os reparos à autocrítica <strong>de</strong> Fogaça, porque não o relacionavam<br />

profundamente com o ambiente vivido no Tarrafal, isto é, com a “Política <strong>Nova</strong>” que<br />

havia sido elaborada por Bento, <strong>de</strong> que Fogaça era discípulo directo, tendo, com ele,<br />

feito o essencial do seu aprendizado político.<br />

Era aí, na sua opinião que radicava o fundo do oportunismo <strong>de</strong> direita que se havia<br />

instalado na Organização Comunista Prisional do Tarrafal e que o CC não havia ainda<br />

conseguido criticar nem extirpar radicalmente 595 .<br />

Uma outra carta enviada ao CC por um militante que havia igualmente estado no<br />

Tarrafal com Fogaça e que acabava <strong>de</strong> ser expulso por oportunismo, aponta o <strong>de</strong>do ao<br />

partido por lhe dar cobertura, por ter sido supérfulo na sua reabilitação política, mas,<br />

593 Cf. Ramiro [Júlio Fogaça], Revendo uma posição, Agosto <strong>de</strong> 1951, dact., p. 5<br />

594 Amílcar [Sérgio Vilarigues], Junho <strong>de</strong> 1953, dact., p. 11, in IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, P. 93/GT, [87]<br />

595 Cf. Para a história do Partido. Carta dum camarada ao CC sobre o oportunismo <strong>de</strong> direita, dact., sd., in TCL, Supremo<br />

Tribunal <strong>de</strong> Justiça, P. 16870-C/70, 4º vol., apenso a fls. 331<br />

230

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!