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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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ano se alimentam, com núcleos <strong>de</strong> estudantes articulando-se com militares revoltosos e<br />

manifestando uma inquietante disposição em movimentarem-se 148 .<br />

As organizações estudantis agrupadas, em <strong>Lisboa</strong>, na respectiva Fe<strong>de</strong>ração<br />

Académica, assim como os centros académicos republicanos e os grupos e organizações<br />

maçónicas ou para-maçónicas que os enquadravam, iam evoluindo <strong>de</strong> posições<br />

republicanas liberais, mo<strong>de</strong>radas, na linha da experiência anterior a 1926, para posições<br />

<strong>de</strong> esquerda com maior ou menor grau <strong>de</strong> radicalização. Importa sublinhar que muitos<br />

dos principais dirigentes quer da FJCP quer do próprio Partido haviam pertencido à<br />

Maçonaria ou aí continuavam a pertencer, apesar da proibição formal nesse sentido por<br />

directiva do Komintern. E esse processo arrastou-se ao longo pelo menos <strong>de</strong> toda a<br />

primeira meta<strong>de</strong> dos anos trinta.<br />

Manuel Alpedrinha por exemplo, que em 1931 já integra o Secretariado do<br />

Comité Central do <strong>PCP</strong>, abandona a Maçonaria por pressão do partido em 1932-33. O<br />

mesmo se passa com Velez Grilo 149 , este com uma participação activa nas lutas<br />

estudantis, <strong>de</strong> que foi dirigente associativo, do início da década já como militante<br />

comunista e que, como vimos, também ascen<strong>de</strong>rá por esta altura ao Secretariado do<br />

Partido Comunista.<br />

Não obstante tudo isto, a organização estudantil comunista continua a ser muito<br />

fraca, por mais optimistas que pu<strong>de</strong>ssem ser as perspectivas <strong>de</strong> crescimento 150 . De<br />

qualquer modo, por esta altura, em fins <strong>de</strong> 1931, são lançadas, organizações periféricas<br />

ao Partido Comunista, como a Associação dos Amigos da União Soviética, porta por<br />

on<strong>de</strong> Álvaro Cunhal, por exemplo, então um jovem recém ingressado na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Direito <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, oriundo <strong>de</strong> uma família republicana pela via paterna, se aproximaria<br />

do comunismo 151 .<br />

O movimento militar reviralhista, não sai <strong>de</strong>vido ao aparato policial que se<br />

mantém no rescaldo do 1º <strong>de</strong> Maio, sendo adiado ou reorientado para nova tentativa,<br />

também gorada, a 26 <strong>de</strong> Agosto. O <strong>PCP</strong> que discute o assunto ao nível do Secretariado<br />

do Comité Central, rejeita qualquer envolvimento, embora militantes e simpatizantes<br />

comunistas integram os grupos civis e pelo menos meia centena <strong>de</strong>stes seja presa no<br />

rescaldo do movimento 152 .<br />

148 Cf Cristina Faria, A contestação à Ditadura Militar, in História, (<strong>Nova</strong> série), 4-5, Julho Agosto <strong>de</strong> 1998, pp 47-48<br />

149 Cf A.H. <strong>de</strong> Oliveira Marques, Dicionário <strong>de</strong> História da Maçonaria, I, Delta, <strong>Lisboa</strong>, 1986, pp 375-376<br />

150 Cf João Arsénio Nunes, Sobre alguns aspectos da evolução... p. 723<br />

151 TCL, 3º Juízo Criminal, P. 14499/49, 8º vol., Biografia <strong>de</strong> Funcionários, mns., apensa a fls 543<br />

152 Cf João Arsénio Nunes, Sobre alguns aspectos da evolução... p. 724-725<br />

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