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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Nas páginas do Avante! nenhuma referência directa ao golpe militar. Apenas a<br />

alusão a Manuel Serra e a alguns dos militares presos, como os capitães Almeida Santos<br />

e Alvarenga ou o major Pastor Fernan<strong>de</strong>s “por se terem manifestado contra a<br />

permanência <strong>de</strong> Salazar no po<strong>de</strong>r” 946 , negando como provocação quer a participação<br />

do <strong>PCP</strong> na direcção do golpe e a existência <strong>de</strong> uma extensa lista <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s a<br />

abater caso triunfasse.<br />

O essencial do artigo é <strong>de</strong>dicado à enumeração <strong>de</strong> lutas operárias <strong>de</strong> norte a sul<br />

do país, que teriam envolvido mais <strong>de</strong> cinquenta mil operários. 3000 mineiros <strong>de</strong><br />

Aljustrel e S. Domingos, 9000 da Carris <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> e Porto, 3000 ferroviários, 4000<br />

metalúrgicos, 7000 pescadores <strong>de</strong> Matosinhos… portuários, leiteiras, assalariados<br />

rurais, corticeiros, canteiros, pa<strong>de</strong>iros teriam feito greve, paralisado <strong>de</strong> qualquer outra<br />

forma o trabalho, provocado quebras <strong>de</strong> produção ou realizado manifestações e<br />

concentrações. Para concluir que “É neste po<strong>de</strong>roso ascenso das lutas da classe<br />

operária que se <strong>de</strong>senvolve a campanha nacional para a <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> Salazar” 947<br />

Sobre o assunto, dada a sua importância Sérgio Vilarigues subscreve um<br />

importante artigo em O Militante em que faz o balanço <strong>de</strong> seis meses <strong>de</strong> lutas por<br />

aumentos <strong>de</strong> salários, analisando mais <strong>de</strong>talhadamente os casos dos portuários <strong>de</strong><br />

Leixões e do Porto, em Dezembro <strong>de</strong> 1958, dos mineiros <strong>de</strong> Aljustrel, dos metalúrgicos,<br />

ferroviários e pescadores.<br />

Neste artigo, porém, Vilarigues, a concluir, é bem mais pru<strong>de</strong>nte na ligação das<br />

lutas operárias à exigência <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> Salazar:<br />

“Ao Partido, aos comunistas cabe a gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientar<br />

os trabalhadores, <strong>de</strong> os ajudar em todos os momentos e situações a<br />

organizar a sua luta sagrada por melhores condições <strong>de</strong> vida na empresa,<br />

na localida<strong>de</strong>, na região e à escala nacional; nos Sindicatos, nas Casas do<br />

Povo e dosPpescadores – pela <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> Salazar” 948<br />

Mesmo que o movimento reivindicativo dos trabalhadores se apresentasse mais<br />

dinâmico, que algumas das greves fossem prolongadas, como a dos pescadores <strong>de</strong><br />

Matosinhos que durou dois meses, que a insistência na luta por aumentos salariais se<br />

mostrasse auspiciosa, o que caracterizava o movimento no seu conjunto era o<br />

946<br />

A Nação levanta-se contra Salazar, in Avante!, VI série, 274, 1ª Quinzena <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1959<br />

947<br />

I<strong>de</strong>m<br />

948<br />

Amílcar [Sérgio Vilarigues], 6 meses <strong>de</strong> lutas da classe operária sempre para diante por aumentos <strong>de</strong> salários, in O<br />

Militante, III série, 101, Julho <strong>de</strong> 1959<br />

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