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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Para o <strong>PCP</strong>, os estudantes constituíam um segmento da luta pelo <strong>de</strong>rrube do<br />

regime e como tal eram encarados, concepção que era encarada <strong>de</strong> modo<br />

particularmente mais sensível no seio não só do movimento estudantil como da<br />

remoçada organização partidária correspon<strong>de</strong>nte.<br />

Em poucos anos, dá-se um salto muito gran<strong>de</strong>. Se no início <strong>de</strong>sta fase eram<br />

escassos os dirigentes associativos, em 1965 já praticamente toda a RIA, Reunião Inter-<br />

Associações é composta por jovens militanbtes do <strong>PCP</strong>, ao mesmo tempo que muitos<br />

colaboradores e animadores das secções e organismos académicos a<strong>de</strong>riam ao partido<br />

num contexto em que a dinâmica estudantil assumia um carácter massivo, com amplas<br />

reuniões, <strong>de</strong>bates, jantares, manifestações muito participadas, o que bulia com a cultura<br />

conspirativa do partido.<br />

Os acontecimentos são precipitados pela proibição <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> iniciativas<br />

estudantis De um modo vertiginoso, durante esse mês <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1961, à proibição da<br />

realização do I Encontro Nacional <strong>de</strong> Estudantes em Coimbra, estes respon<strong>de</strong>m com<br />

pedidos <strong>de</strong> audiência ao Ministro da Educação; protestam em <strong>Lisboa</strong> contra a<br />

discriminação <strong>de</strong> que se sentem alvo na comemoração do cinquentenário da<br />

<strong>Universida<strong>de</strong></strong>; forçam, apesar da proibição, a realização do Encontro, que marca o I<br />

Congresso Nacional dos Estudantes para Dezembro <strong>de</strong>sse ano e, do mesmo modo, sem<br />

autorização do governo, avançam para as comemorações do Dia do Estudante, em<br />

Março já <strong>de</strong> 1962.<br />

A primeira tentativa <strong>de</strong> comemoração é em Coimbra, a 9 <strong>de</strong>sse mês, com a<br />

convocação <strong>de</strong> um Encontro Nacional <strong>de</strong> Estudantes; mas os que <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> e do Porto<br />

para aí se dirigem são interceptados e recambiados. Apesar da situação, o Encontro<br />

realiza-se e em retaliação a Reitoria, a mando do Governo, instaura processos<br />

disciplinares aos participantes. Em resposta é <strong>de</strong>cretado o “luto académico” e a<br />

Associação Académica <strong>de</strong> Coimbra suspen<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>.<br />

Intensa e vertiginosamente, a situação evolui, com novos e rápidos<br />

<strong>de</strong>senvolvimentos, <strong>de</strong> um modo a que não é alheia uma conjuntura política<br />

convulsionada pelos múltiplos e sucessivos acontecimentos que vinham ocorrendo no<br />

país <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano anterior.<br />

Em <strong>Lisboa</strong>, insiste-se em assinalar o Dia do Estudante, a 24-26 ainda <strong>de</strong> Março.<br />

A resposta do Governo é violenta. As comemorações são proibidas, a Cida<strong>de</strong><br />

Universitária ocupada, a cantina encerrada, a polícia irrompe violentamente por algumas<br />

Faculda<strong>de</strong>s, espancando e pren<strong>de</strong>ndo.<br />

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