19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

governo <strong>de</strong>mocrático, não passando pela cabeça dos dirigentes comunistas que a<br />

intensificação da luta <strong>de</strong> libertação nacional dos povos das colónias pu<strong>de</strong>sse provocar e<br />

aprofundar a <strong>de</strong>sagregação e o fim do próprio regime.<br />

Não era, no entanto, fácil, mesmo aos sectores mais radicalizados, perceber<br />

como este ponto <strong>de</strong> vista limitava o carácter internacionalista da luta anticolonial. A<br />

crítica às posições dominantes no <strong>PCP</strong> fazia-se, nesta fase, em função <strong>de</strong> um outro<br />

aspecto, que se prendia com a cedência <strong>de</strong> posições em nome do carácter imperativo da<br />

unida<strong>de</strong> anti-fascista, que levava a recuar a base <strong>de</strong> entendimento nesta matéria,<br />

confinando-a a questões bastante mais a montante do essencial, que era a revindicação<br />

inequívoca <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência para os povos das colónias sob dominação portuguesa.<br />

Em O Militante, em meados <strong>de</strong> 1960, Francisco Martins Rodrigues publica um<br />

artigo assinado sob pseudónimo, numa altura em que a nova direcção <strong>de</strong> Álvaro Cunhal<br />

ainda não havia acabado com a prática <strong>de</strong> subscrever artigos que havia sido instituída a<br />

meio da década anterior pela direcção <strong>de</strong> Júlio Fogaça. Nesse artigo a <strong>de</strong>fesa da<br />

in<strong>de</strong>pendência política e i<strong>de</strong>ológica do partido neste domínio representa o aspecto<br />

fundamental:<br />

“(…) outro [erro] é confundirmos a unida<strong>de</strong> das forças anti-<br />

salazaristas com o ecletismo em matéria i<strong>de</strong>ológica; <strong>de</strong>vemos ter sempre<br />

presente que os compromissos concretos que o nosso Partido toma no<br />

terreno da actuação prática tendo em vista a unida<strong>de</strong> anti-salazarista em<br />

nada afectam a in<strong>de</strong>pendência i<strong>de</strong>ológica do Partido, in<strong>de</strong>pendência que<br />

<strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r ciosamente, se não quisermos ver o movimento proletário<br />

português transformar-se num apêndice da burguesia; isto quer dizer que a<br />

linha do partido em relação ao problema colonial – auto<strong>de</strong>terminação dos<br />

povos das colónias portuguesas sem quaisquer subterfúgios –não é uma<br />

orientação sujeita a critérios <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>, uma orientação para que<br />

<strong>de</strong>vemos conquistar a consciência <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> portugueses, batendo em<br />

todo o lado as velhas concepções colonialistas” 1106<br />

Colocar o problema <strong>de</strong>ste modo não era ainda submeter a uma crítica sistemática<br />

a linha política que vinha sendo restabelecida e aprofundada por Álvaro Cunhal, mas<br />

representava um passo importante nesse sentido, mesmo que se encaradas em si, essas<br />

1106 Serpa [Francisco Martins Rodrigues], As responsabilida<strong>de</strong>s do Partido e da Classe operária portuguesa no problema<br />

colonial, in O Militante, III série, 104, Maio <strong>de</strong> 1960<br />

434

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!