19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

atenção dispensada, uma mancha politicamente significativa <strong>de</strong>ntro da malha orgânica.<br />

Tanto assim, que se afirma mesmo que os que se eximirem a essa autocrítica “não<br />

po<strong>de</strong>rão ficar em cargos <strong>de</strong> direcção e muito menos com tarefas relativas à unida<strong>de</strong><br />

com outras forças antifascistas” 457 .<br />

Finalmente, o partido <strong>de</strong>via proce<strong>de</strong>r a uma ampla campanha <strong>de</strong> recrutamento<br />

entre aqueles que se haviam <strong>de</strong>stacado pela sua actuação prática em conformida<strong>de</strong> com<br />

a orientação política estabelecida.<br />

Ainda diferencie, o chamado grupo da Terceira Força <strong>de</strong> Cunha Leal ou António<br />

Maria da Silva, das correntes que haviam integrado os serviços <strong>de</strong> candidatura <strong>de</strong><br />

Norton <strong>de</strong> Matos, o certo é que, em termos práticos, todos eles eram violentamente<br />

atacados pelas posições anticomunistas que sustentavam numa amálgama em que todos<br />

cabiam como oportunistas.<br />

As tarefas a retirar do processo eleitoral <strong>de</strong> 1948-49 eram, por isso,<br />

fundamentalmente, viradas para <strong>de</strong>ntro do próprio partido; o tempo era <strong>de</strong> cerrar<br />

fileiras, que se verbalizava do seguinte modo:<br />

“O engran<strong>de</strong>cimento do Partido, é condição indispensável para o<br />

triunfo da causa antifascista. Se soubermos aproveitar os ensinamentos da<br />

luta no terreno das “eleições” presi<strong>de</strong>nciais e os gran<strong>de</strong>s êxitos alcançados<br />

pelo Partido, para o fortalecimento i<strong>de</strong>ológico, para o reforço da unida<strong>de</strong>,<br />

para o aumento da quantida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong> dos membros do partido, o<br />

Partido dará um novo e gran<strong>de</strong> passo em frente, como a primeira força do<br />

campo <strong>de</strong>mocrático a que cabe um papel <strong>de</strong>terminante na luta pela<br />

libertação <strong>de</strong> Portugal da tirania fascista” 458<br />

É justamente neste momento <strong>de</strong> crispação, <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronamento da política <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong> tal como fora concebida na conjuntura da <strong>guerra</strong> e no imediato pós-<strong>guerra</strong>,<br />

agora numa época <strong>de</strong> radicalizado e enfático enfrentamento bipolar a nível internacional<br />

que reemerge um discurso <strong>de</strong> predomínio instrumental da i<strong>de</strong>ologia sobre a política,<br />

tomando como objecto o partido enquanto síntese <strong>de</strong> doutrina.<br />

A afirmação do carácter <strong>de</strong> vanguarda do partido correspon<strong>de</strong> à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que é<br />

tempo <strong>de</strong> cerrar fileiras, <strong>de</strong> purificar a sua circulação sanguínea, <strong>de</strong> encetar uma<br />

caminhada em bases e em termos diferentes dos que haviam trilhado, por isso se chega<br />

a criticar, ao arrepio <strong>de</strong> uma prática quase a roçar o i<strong>de</strong>ntitário, os muitos militantes que<br />

457 I<strong>de</strong>m<br />

458 I<strong>de</strong>m<br />

183

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!