19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

directivos <strong>de</strong>sses sindicatos pu<strong>de</strong>ssem pressionar para que tais reivindicações fossem<br />

encaminhadas através do INTP, Instituto Nacional <strong>de</strong> Trabalho e Previdência,<br />

procurando fazê-las vingar ao nível do simulacro <strong>de</strong> contratação colectiva, o que<br />

nalguns casos aconteceu. Não se conhecem, no entanto quaisquer movimentações <strong>de</strong><br />

massas, directamente promovidas ou apoiadas pelos Sindicatos Nacionais.<br />

Já no caso das Casas do Povo a influência foi praticamente nula. Em meio rural,<br />

on<strong>de</strong> não eram tolerados sindicatos, o regime instituiu estes organismos corporativos,<br />

on<strong>de</strong> coabitavam assalariados rurais e proprietários agrícolas, com as funções dirigentes<br />

sob a tutela <strong>de</strong>stes. Mesmo que agrupando gran<strong>de</strong>s contingentes <strong>de</strong> assalariados, o<br />

<strong>de</strong>sinteresse dos militantes, ao arrepio das orientações partidárias, foi praticamente<br />

geral.<br />

Houve, assim, na prática, objectivamente, como que a <strong>de</strong>slocação do eixo da<br />

intervenção <strong>de</strong> massas do <strong>PCP</strong> para outros organismos, que eram as Comissões <strong>de</strong><br />

Unida<strong>de</strong>, estruturas sem base orgânica permanente, absolutamente hegemonizadas pelo<br />

<strong>PCP</strong>, embora aglutinando, é certo, católicos e muitos e muitas sem partido, foram o<br />

esteio fundamental das movimentações <strong>de</strong> massas ocorridas durante longos anos, em<br />

torno <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rnos e agendas reivindicativas on<strong>de</strong> predominavam aspectos <strong>de</strong> natureza<br />

económica, que por vezes eram associadas a reivindicações políticas.<br />

Nos campos da gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, a sul, estas comissões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> tomavam<br />

a forma <strong>de</strong> comissões formadas a partir das praças <strong>de</strong> jorna, locais nas vilas e al<strong>de</strong>ias<br />

on<strong>de</strong> eram contratados os assalariados e que se tornaram local privilegiado <strong>de</strong><br />

intervenção do <strong>PCP</strong>. Aqui, <strong>de</strong> modo ainda mais vincado, a inexistência <strong>de</strong> sindicatos<br />

rurais, fez com que as principais revindicações em territórios <strong>de</strong> monocultura do trigo se<br />

centrassem nas jornas por altura das ceifas e por trabalho quando este rareava pelo<br />

inverno, a que se juntaria a jornada das 8 horas <strong>de</strong> trabalho diário, reivindicações<br />

económicas, invariavelmente.<br />

Mesmo entre os estudantes, particularmente a partir da criação no <strong>PCP</strong> dos<br />

sectores estudantis no início dos anos 60, que permitiram corrigir e ultrapassar o<br />

estiolamento sectário e afunilante dos últimos anos do MUD Juvenil, a activida<strong>de</strong><br />

centrou-se em torno da <strong>de</strong>fesa das Associações <strong>de</strong> Estudantes e das reivindicações<br />

especificamente estudantis, assumindo também neste caso funções <strong>de</strong> apoio clan<strong>de</strong>stino<br />

a um sindicalismo estudantil.<br />

Assim, no período consi<strong>de</strong>rado, em nome <strong>de</strong>sta luta imediata, a mobilização dos<br />

trabalhadores, como dos estudantes, operava-se sob ban<strong>de</strong>iras afinal mais próprias da<br />

794

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!