19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

eatamento das relações do <strong>PCP</strong> com o movimento comunista internacional,<br />

empreendido por Álvaro Cunhal em 1947 e que nos foram facultados por José<br />

Milhazes.<br />

A documentação <strong>de</strong>sta proveniência referente ao período posterior permanece<br />

assim no essencial por explorar 83 , constituindo um veio <strong>de</strong> investigação seguramente<br />

fecundo para o prosseguimento dos estudos neste âmbito.<br />

Foi ainda consultado o arquivo do Partido Comunista Espanhol, dada a<br />

proximida<strong>de</strong> geográfica e cultural e as relações próximas e expressivas que manteve<br />

com o <strong>PCP</strong> nos anos 50 e 60. Apesar <strong>de</strong> abertos, não pu<strong>de</strong>mos no que se reporta ao<br />

PCF, consultar os fundos da suas secções internacional e <strong>de</strong> imigração, por não se<br />

encontrarem disponíveis ao tempo da investigação.<br />

3. O tema: unida<strong>de</strong>s, plano e âmbito<br />

O quadro que rapidamente se configurou quando cessou o troar das armas e se<br />

encerrou o segundo conflito mundial, assentou no <strong>de</strong>smantelamento do bloco Aliado<br />

que saíra vencedor <strong>de</strong>sse conflito. A célebre afirmação <strong>de</strong> Winston Churchill<br />

proclamada em Fulton, logo em 1946 – “Des<strong>de</strong> Stettin, no mar Báltico, até Trieste, no<br />

mar Adriático, caiu sobre o continente europeu uma cortina <strong>de</strong> ferro” pontua um<br />

separar <strong>de</strong> mundos em tensão, polarizado entre o campo dos EUA e o campo da União<br />

Soviética, marcando durante décadas a cadência do mundo.<br />

Do lado oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>sta linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação, na Europa capitalista, partidos<br />

comunistas alinhados com a União Soviética adoptaram univocamente um mo<strong>de</strong>lo<br />

orgânico que se reclamava leninismo, afeiçoando a interpretação do conceito <strong>de</strong> luta <strong>de</strong><br />

classes às realida<strong>de</strong>s nacionais sobre as quais intervinham, o que levaria aliás<br />

Hobsbawm a assinalar que “Os Estados e os movimentos marxistas ten<strong>de</strong>m a se tornar<br />

nacionais não apenas na forma, mas em substância…” 84 , exprimindo no fundo essa<br />

tensão permanente entre um fi<strong>de</strong>lizado alinhamento internacional e a afirmação <strong>de</strong> uma<br />

representação, nem sempre meramente instrumental, dos interesses nacionais.<br />

Com este duradouro quadro <strong>de</strong> base, dissolvida já a Internacional Comunista,<br />

<strong>de</strong>temo-nos no período da história europeia e mundial do século XX, genericamente<br />

<strong>de</strong>signado <strong>de</strong> <strong>guerra</strong> <strong>fria</strong>, tomando o Partido Comunista Português como objecto <strong>de</strong><br />

83 Cf. Karel Bartosek, Les Aveux dês Archives. Prague-Paris-Prague, 1948-1968, Paris, Seuil, 1996 ou Valério Riva, Oro da<br />

Mosca, Milão, Óscar Storia/Mondarori, 2002, com referências esparsas ao <strong>PCP</strong><br />

84 Cit. por José Neves, Comunismo e nacionalismo em Portugal, <strong>Lisboa</strong>, Tinta da China, 2008, p. 30<br />

40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!