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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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querendo hostilizar nem cortar pontes com militantes ainda vacilantes, julgando assim<br />

ser mais fácil atraí-los a uma organização que era apenas antifascista.<br />

Era, no entanto, uma luta contra o tempo dispondo <strong>de</strong> uma limitada margem <strong>de</strong><br />

manobra, com pressões muito fortes <strong>de</strong> sectores que se sentiam próximos, mas que<br />

acreditavam na capacida<strong>de</strong> regeneradora do <strong>PCP</strong>.<br />

Martins Rodrigues e os seus novos companheiros eram sensíveis a estas posições<br />

e mesmo ao criarem o CMLP não era na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um novo partido comunista<br />

que pensavam. O CMLP era um pouco a resposta a essas questões e à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aparecer com uma fisionomia própria, condição para crescer. Afinal, uma organização<br />

mais limitada na acção, mais virada para a propaganda, mas ainda muito a olhar para o<br />

<strong>PCP</strong> e para o que se po<strong>de</strong>ria passar no seu seio.<br />

A circular <strong>de</strong> expulsão <strong>de</strong> Francisco Martins Rodrigues seria discutida no Partido<br />

apenas no verão <strong>de</strong> 1964. Durante cinco meses, o Comité Central reteve a Circular,<br />

dando campo a que circulassem informações veiculadas por funcionários, mas que<br />

<strong>de</strong>rivavam e extrapolavam, distorcendo o seu conteúdo, o que, em boa medida, acabaria<br />

por favorecer e possibilitar uma maior divulgação das posições <strong>de</strong> Martins Rodrigues.<br />

Das conclusões da discussão da circular, havida nalguns organismos, foram<br />

elaborados relatórios quer pelos funcionários e responsáveis pelos organismos, como<br />

por iniciativa <strong>de</strong> militantes. Num <strong>de</strong>sses relatórios, reconhece-se mesmo que “Se a<br />

Circular tivesse surgido em Janeiro certa repercussão do caso FMR não se teria dado,<br />

os boatos, as insinuações e os documentos <strong>de</strong> FMR não teriam encontrado o eco que<br />

encontraram” 1264 .<br />

É difícil perceber do grau <strong>de</strong> concordância <strong>de</strong>ntro do partido com a expulsão <strong>de</strong><br />

Martins Rodrigues, mas teria sido gran<strong>de</strong>, até porque o que aí pesou fundamentalmente<br />

não foram questões propriamente políticas, em larga medida arredadas da discussão,<br />

mas sim toda a sorte <strong>de</strong> argumentos que enfatizava o trabalho cisionista, o facto <strong>de</strong> ter<br />

abandonado as instalações que lhe tinham sido atribuídas e, <strong>de</strong>sse modo, <strong>de</strong>sertado, <strong>de</strong><br />

se ter apo<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> materiais do partido.<br />

Os termos da crítica a Martins Rodrigues são por vezes extremamente violentos<br />

e sobrepõem-se completamente ao <strong>de</strong>bate político e i<strong>de</strong>ológico – “São filhos da puta<br />

que aparecem no P. e mais valia nunca terem aí aparecido” 1265 .<br />

1264 Discussão da Circular sobre FMR, [opinião <strong>de</strong>] NC, Julho <strong>de</strong> 1964, dact., 1 p.<br />

1265 I<strong>de</strong>m, [opinião <strong>de</strong>] MCM…<br />

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