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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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ou outro igualmente legal, irem pelos seus próprios meios e munidos da sua própria<br />

documentação aguardar já em território espanhol os que haviam atravessado<br />

clan<strong>de</strong>stinamente a fronteira, para <strong>de</strong>pois os encaminharem a uma localida<strong>de</strong> ou a um<br />

meio <strong>de</strong> transporte através do país vizinho.<br />

Em 1960, após a fuga <strong>de</strong> Peniche foi entendido colocar no exterior Francisco<br />

Miguel, que havia sido particularmente penalizado por longas e sucessivas prisões. O<br />

ponto <strong>de</strong> saída era na região <strong>de</strong> Elvas, conduzido por um militante natural <strong>de</strong> Vila Boim<br />

a trabalhar em <strong>Lisboa</strong>, que conhecia bem a zona. A escassas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros do Caia,<br />

cujo curso separava os dois países, são surpreendidos pela Guarda Fiscal, levados ao<br />

posto e entregues à PIDE.<br />

Os guardas fronteiriços estavam longe <strong>de</strong> suspeitar que tinham surpreendido um<br />

importante dirigente do <strong>PCP</strong> a tentar sair do país 1670 e que tinham, por extensão,<br />

<strong>de</strong>smantelado o aparelho <strong>de</strong> fronteira mais seguro ao tempo 1671 .<br />

Joaquim Baluarte Gonçalves, fora recrutado para o <strong>PCP</strong> no ano anterior quando<br />

trabalhava nas pedreiras <strong>de</strong> Pêro Pinheiro. Ilídio Esteves o dirigente que o havia<br />

recrutado sabia tratar-se <strong>de</strong> um homem da raia e daí um passo para dar corpo a um<br />

aparelho <strong>de</strong> fronteira na zona <strong>de</strong> Elvas.<br />

Entre Março e Julho <strong>de</strong> 1960, nos meses em que o <strong>PCP</strong> se apoiou nele para esta<br />

tarefa, conseguiu fazer do país Pedro Soares, e, <strong>de</strong>pois, em finais <strong>de</strong> Junho, José Alves,<br />

o guarda da GNR que garantira a fuga <strong>de</strong> Peniche.<br />

Para realizar cada operação, Baluarte Gonçalves ia <strong>de</strong> camioneta até Elvas para<br />

se encontrar na estrada do Caia com um elemento que vivia na zona e actuava consigo.<br />

Neste tipo <strong>de</strong> operações podiam ser utilizados um ou dois carros.<br />

No caso <strong>de</strong> Francisco Miguel, seriam utilizados dois carros. Um, transportando-o<br />

até ao encontro com Gonçalves e outro para aguardar pelo dirigente comunista do outro<br />

lado da fronteira 1672 .<br />

O <strong>de</strong>smantelamento <strong>de</strong>ste aparelho <strong>de</strong> fronteira numa altura em que se<br />

intensificavam as ligações ao exterior impunha a sua rápida reorganização, <strong>de</strong> que foi<br />

incumbido Rui Perdigão, que asseguraria a saída <strong>de</strong> Cunhal do país no verão <strong>de</strong> 1961.<br />

Antes, o próprio Perdigão e a sua companheira passariam ao exterior, pelo norte, através<br />

1670<br />

Cf. Francisco Miguel, Uma vida na Revolução, Porto, “A Opinião”, 1977, pp 140-141<br />

1671<br />

Cf. Rui perdigão, O <strong>PCP</strong> visto…, <strong>Lisboa</strong>, Fragmentos, 1988, p. 50<br />

1672<br />

Cf. IANT, PIDE-DGS, PC 779/60, Autos <strong>de</strong> Perguntas a Joaquim Manuel Baluarte Gonçalves, em 25 e 26.7.60, [21-24] e<br />

[26-28]<br />

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