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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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A agressivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>clarações reflecte bem a importância do cerrar<br />

i<strong>de</strong>ológico <strong>de</strong> fileiras em todos os domínios, numa altura em que o curso dos<br />

acontecimentos internacionais não cessava <strong>de</strong> agravar as tensões bipolares, numa<br />

espécie <strong>de</strong> movimento pendular suficientemente insinuante da fragilização dos<br />

equilíbrios internacionais e <strong>de</strong> prefiguração <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> <strong>guerra</strong> iminente. São os<br />

acontecimentos na Checoslováquia, a disputa em torno <strong>de</strong> Berlim, o tratado <strong>de</strong> Bruxelas<br />

entre a França, a Alemanha e os países do Benelux, articulando-se com os Estados<br />

Unidos nas movimentações em direcção ao Pacto do Atlântico...<br />

Este cerrar <strong>de</strong> fileiras conduz ao início do processo <strong>de</strong> purgas internas nas<br />

“<strong>de</strong>mocracias populares”: o crescimento da campanha contra a Jugoslávia <strong>de</strong> Tito, o<br />

processo <strong>de</strong> Laszlo Rajk na Hungria, ex-ministro do Interior e dos Negócios<br />

Estrangeiros ou as acusações que em menos <strong>de</strong> um ano levarão à execução <strong>de</strong> Traïcho<br />

Kostov, vice-primeiro ministro e encarregado dos assuntos económicos e financeiros da<br />

Bulgária.<br />

Quer o primeiro Congresso Mundial da Paz, em Abril <strong>de</strong> 1949, quer o segundo,<br />

em Novembro <strong>de</strong> 1950, realizam-se em Paris e Praga e em Sheefield e Varsóvia,<br />

respectivamente, porque aos <strong>de</strong>legados vindos do bloco soviético lhess foram recusados<br />

vistos <strong>de</strong> entrada, acabando por reunir separadamente.<br />

Se no primeiro <strong>de</strong>stes congressos se sublinha a <strong>de</strong>fesa da paz e o reforço da luta<br />

contra toda a sorte <strong>de</strong> agressões, manobras e campanhas <strong>de</strong> propaganda que estariam a<br />

conduzir a uma terceira <strong>guerra</strong> mundial, no segundo a gran<strong>de</strong> preocupação é encontrar<br />

formas <strong>de</strong> mobilização que mantenham acesos esses objectivos. E isso seria como que<br />

corporizado em torno <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s movimentações <strong>de</strong> âmbito internacional – contra a<br />

bomba atómica, a partir do Apelo <strong>de</strong> Estocolmo, <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1950; contra a<br />

intervenção americana no quadro da <strong>guerra</strong> da Coreia, que havia eclodido em Junho<br />

<strong>de</strong>sse ano e contra o rearmamento alemão oci<strong>de</strong>ntal num contexto já <strong>de</strong> divisão<br />

institucionalizada em duas Alemanhas.<br />

São estas campanhas, particularmente em torno do Apelo <strong>de</strong> Estocolmo que<br />

fundam no terreno o movimento da Paz, conferindo-lhe dimensão verda<strong>de</strong>iramente<br />

internacional, penetrando profundamente nas <strong>de</strong>mocracias liberais do oci<strong>de</strong>nte. Os<br />

termos do próprio apelo, minimizando a carga i<strong>de</strong>ológica do discurso, circunscrevendo-<br />

a a uma elementar recusa <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> efeitos mortíferos<br />

massivos e a uma aspiração global <strong>de</strong> paz e <strong>de</strong> relações internacionais estáveis e<br />

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