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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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secretário-geral do PC Italiano na reunião do seu partido <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1956 657 e o outro<br />

é um resumo <strong>de</strong> um artigo do Pravda 658 .<br />

Não se tratava ainda do Relatório secreto que Kroutchtchev apresentou ao XX<br />

Congresso, em que a avaliação da prática <strong>de</strong> Staline ia muito mais longe do que os<br />

aspectos do informe político centrados na crítica ao culto da personalida<strong>de</strong>.<br />

Efectivamente, num escasso mês e meio antes da realização do Congresso, em<br />

Dezembro <strong>de</strong> 1955, o Praesidium do Comité Central do PCUS constituiu uma comissão<br />

para averiguar as causas e a dimensão da repressão exercida contra os membros do CC,<br />

efectivos e suplentes, eleitos no XVII congresso, em 1934. O relatório produzido por<br />

esta comissão, a chamada Comissão Pospelov, foi apreciado pelo Praesidium uma<br />

semana antes da abertura do congresso, que <strong>de</strong>cidiu incluir na agenda do congresso um<br />

novo ponto especificamente sobre o culto da personalida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>bater numa sessão à<br />

porta fechada, incumbindo Kroutchtchev <strong>de</strong> apresentar o Informe respectivo, isto é, o<br />

que viria a ser <strong>de</strong>signado <strong>de</strong> Relatório secreto 659 , o que viria a suce<strong>de</strong>r já <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

encerrados os trabalhos.<br />

Os dirigentes mais importantes dos principais partidos comunistas, na Europa<br />

<strong>de</strong>signadamente o italiano e o francês, tiveram então conhecimento do texto em<br />

Moscovo, mas adoptaram uma atitu<strong>de</strong> silenciosa e expectante quanto ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e aos contornos do inevitável rescaldo, acabando por ser confrontados<br />

pela sua divulgação através do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Estado americano, cerca <strong>de</strong> dois meses<br />

<strong>de</strong>pois do congresso, com jornais como o New York Times e o Le Mon<strong>de</strong> a publicarem-<br />

no nos primeiros dias <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1956, suscitando uma estrondosa polémica sobre a<br />

sua autenticida<strong>de</strong> 660 .<br />

Também em Portugal o relatório foi publicado, ainda que parcialmente, numa<br />

edição da Livraria Renascença, com tradução do antigo lí<strong>de</strong>r anarquista Francisco<br />

Quintal 661 . Todavia, não seria propriamente a sua divulgação a suscitar no seio do<br />

partido as inevitáveis resistências.<br />

Em Abril, não era só o Relatório secreto que era <strong>de</strong>sconhecido em Portugal.<br />

Também assim acontecia com o próprio informe político <strong>de</strong> Kroutchtchev. Por isso,<br />

para o <strong>PCP</strong>, “Cumpre ao Partido popularizar esta verda<strong>de</strong>, publicando os informes, as<br />

intervenções fundamentais (…) para uma justa compreensão não só pelos comunistas<br />

657<br />

Cf. Consequências negativas do culto da personalida<strong>de</strong>, in Avante!, VI série, 212, Abril <strong>de</strong> 1956<br />

658<br />

Cf. Porque é o culto da personalida<strong>de</strong> alheio ao marxismo-leninismo, i<strong>de</strong>m<br />

659<br />

Cf. Nicolas Werth, Histoire d’un “pré-rapport secret », in Communisme, 67-68, 2001, pp 9-38<br />

660 Cf. Ramiro da Costa, O XX Congresso do PCUS e o <strong>PCP</strong>…, pp 4-5<br />

661 Cf. Estaline, o tirano, <strong>Lisboa</strong>, Livraria Renascença, 1956<br />

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