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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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frequência o próprio <strong>de</strong>sempenho do militante, levando a retracções e a situações <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgaste psicológico e, em muitos casos, à <strong>de</strong>sistência e ao abandono do quadro <strong>de</strong><br />

funcionários ou, mais grave, às <strong>de</strong>clarações prestadas sob prisão e tortura.<br />

Sob o efeito <strong>de</strong>vastador das vagas repressivas que se abateram sobre o partido<br />

em 1958-59, a nova Direcção já encabeçada por Álvaro Cunhal procura retirar lições<br />

sobre essas consequências, relacionando-as directamente com as práticas políticas e<br />

organizativas do chamado “<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita”, que, assim, teria aligeirado os critérios <strong>de</strong><br />

funcionalização, subestimado o conhecimento dos quadros e facilitado as promoções<br />

nos processos <strong>de</strong> recomposição do próprio Comité Central.<br />

Como se afirmava em O Militante, “(…) foram chamados aos quadros <strong>de</strong><br />

funcionários elementos que estavam há muito pouco tempo no Partido, que muito<br />

pouco haviam feito e <strong>de</strong> quem quase nada se sabia. A mesma ligeireza nas promoções<br />

se verificou em relação ao próprio Comité Central, no preciso momento em que se<br />

procurava restituir ao CC a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> órgão supremo no intervalo dos Congressos.<br />

Consi<strong>de</strong>rou-se que na composição do CC, interessava mais o número que a qualida<strong>de</strong>.<br />

Consi<strong>de</strong>rou-se, em alguns casos, a promoção ao CC como um «incentivo» e uma<br />

«ajuda»” 1508<br />

Mas, tendo o processo <strong>de</strong> “correcção do <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita” procurado reforçar e<br />

blindar as cooptações para o CC, as estruturas <strong>de</strong> direcção intermédia continuaram<br />

vulneráveis face a necessida<strong>de</strong>s urgentes <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r à sua recomposição em função das<br />

brechas abertas pela repressão, levando a consequências <strong>de</strong>sastrosas perante novas<br />

investidas policiais, como se verificou no Comité Local <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> em 1962-63 ou na<br />

Direcção <strong>de</strong> Organização Regional do Sul, em 1964.<br />

Precisamente quando caía todo o CL <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, em Dezembro <strong>de</strong> 1962, o CC<br />

reunido <strong>de</strong>bruçava-se sobre os problemas da <strong>de</strong>fesa conspirativa do partido, ainda na<br />

ressaca das prisões <strong>de</strong> dirigentes no início do ano, preocupado também com os efeitos<br />

repressivos quer das jornadas <strong>de</strong> luta <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong>sse ano, como <strong>de</strong> outro golpe policial<br />

que havia sido infligido ao Comité Regional das Beiras.<br />

Voltavam a colocar-se velhas questões que se relacionavam naturalmente com a<br />

eficácia do controlo político dos organismos superiores em relação aos inferiores ou<br />

com o combate que entendiam <strong>de</strong>ver aprofundar aos comportamentos pouco rigorosos e<br />

disciplinados.<br />

1508 Ensinamentos <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> traições, in O Militante, III série, 110, Maio <strong>de</strong> 1960<br />

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