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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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territorial, das estruturas <strong>de</strong> direcção intermédia, da expressão eleitoral ou da história<br />

política <strong>de</strong> períodos obscurecidos pelas visões mais hagiográficas e legitimadoras<br />

produzidas pelos partidos comunistas.<br />

Ao longo <strong>de</strong> toda essa década, os investigadores que se reuniam à volta <strong>de</strong><br />

Communisme evoluiriam por percursos e áreas <strong>de</strong> interesse diferenciadas, abraçando<br />

campos <strong>de</strong> análise relacionados com a composição estrutural do discurso comunista, as<br />

representações prevalecentes na construção das memórias partidárias ou sobre as<br />

diferentes genealogias que <strong>de</strong>sembocavam no Partido, fossem <strong>de</strong> natureza<br />

prosopográfica ou da “arqueologia” das i<strong>de</strong>ias, das tendências e dos veios doutrinários.<br />

De algum modo, esta abertura nos estudos sobre o comunismo verifica-se<br />

também nos EUA, como resposta ao relativo abrandamento que a Guerra Fria<br />

experimentava num quadro <strong>de</strong> abertura, e também <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação, da própria União<br />

Soviética, trazendo aos estudos nestas matérias temáticas sociais e políticas que<br />

estimulariam interpretações diferenciadas e em contradição com interpretações até aí<br />

dominantes na Aca<strong>de</strong>mia americana, política e i<strong>de</strong>ologicamente enquadradas num<br />

contexto acirrado <strong>de</strong> Guerra Fria.<br />

Estes estudos, <strong>de</strong>signadamente a propósito da apreciação histórica dos legados<br />

<strong>de</strong> Lenine e <strong>de</strong> Estaline, da análise das questões relacionadas com a colectivização da<br />

terra, da eficácia do Partido e do Estado na aplicação das suas políticas ou mesmo na<br />

análise da expressão e da função da violência do regime tornavam-se um reverso da<br />

corrente dominante e, como tal, tidos, do ponto <strong>de</strong> vista don<strong>de</strong> emergiam por<br />

diferenciação, como “revisionistas”<br />

Mas, curiosamente, a implosão da União Soviética em vez <strong>de</strong> proporcionar o<br />

a<strong>de</strong>nsamento e o aprofundamento analítico e interpretativo fez antes reemergir novas<br />

formas <strong>de</strong> instrumentalização, agora predominantemente <strong>de</strong> sentido contrário.<br />

A abertura dos arquivos soviéticos disponibilizando massas documentais<br />

imensas, suscitaram um intenso alvoroço, partilhado por historiadores e politólogos,<br />

mas também por jornalistas, com casos em que, ce<strong>de</strong>ndo num terreno resvaladiço,<br />

prevaleceu a avi<strong>de</strong>z por gran<strong>de</strong>s e retumbantes revelações saídas da poeira dos arquivos,<br />

principalmente dos arquivos soviéticos, toldando resultados, que nesse fulgor foram<br />

diluindo ou obscurecendo o carácter científico, alimentando a especulação ou guiando-<br />

se por interpretações meramente conspirativas e fulanizadas dos acontecimentos numa<br />

espécie <strong>de</strong> diabolização do comunismo assente na manipulação <strong>de</strong> fundos preconceitos<br />

<strong>de</strong> natureza política e i<strong>de</strong>ológica.<br />

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