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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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comissões sindicais e para o alargamento da intervenção entre as camadas socais e<br />

sectores consi<strong>de</strong>radas mais importantes, como os militares, a juventu<strong>de</strong>, as mulheres ou<br />

os intelectuais.<br />

As tarefas eram ciclópicas, pela sua diversida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong>, mas<br />

fundamentalmente porque implicavam mudanças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> e novos procedimentos com<br />

vista a vencer <strong>de</strong>feitos instalados e em muitos casos com longos anos <strong>de</strong> cristalização.<br />

Joaquim Gomes, certamente ciente disso mesmo, não <strong>de</strong>ixa, porém, <strong>de</strong> afirmar,<br />

num registo que é muito próprio dos dirigentes comunistas: “Supomos não ser<br />

<strong>de</strong>masiado optimismo dizer-se que, apesar das tremendas dificulda<strong>de</strong>s que hoje se<br />

apresentam para o nosso Partido, nunca as perspectivas se apresentaram mais<br />

favoráveis para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> novas e po<strong>de</strong>rosas lutas contra o fascismo. Mas,<br />

para que as perspectivas se transformem em realida<strong>de</strong>s concretas, é preciso trabalhar<br />

e trabalhar bem, fortalecendo o nosso Partido” 1404 .<br />

Às fraquezas do partido era sistematicamente contraposto o apelo ao<br />

voluntarismo, à elevação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar, à afirmação e à mobilização <strong>de</strong><br />

vonta<strong>de</strong>s, factores que eram, no fundo, subjectivos, mas tidos como indispensáveis para<br />

colocar o Partido Comunista à altura da situação objectiva e das suas potencialida<strong>de</strong>s.<br />

De modo menos enfático e galvanizador, mas com o mesmo sentido, era nessa<br />

i<strong>de</strong>ia que laborava O Militante ao noticiar a realização do Congresso:<br />

“Durante todo o Congresso estiveram presentes em cada congressista, se assim<br />

se po<strong>de</strong> dizer, duas sensações um tanto contraditórias. Uma consistia na constatação<br />

das muitas dificulda<strong>de</strong>s ocasionadas pela repressão fascista a todo o trabalho do<br />

Partido, a outra dizia respeito às perspectivas muito favoráveis para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das variadíssimas tarefas do partido, perspectivas que vinham á superfície em todos os<br />

problemas abordados. Efectivamente na discussão <strong>de</strong> cada ponto as dificulda<strong>de</strong>s lá<br />

apareciam, o que é natural, se tivermos em conta que para os comunistas não há<br />

tarefas fáceis e que o fascismo vivendo a mais grave crise da sua história as torna<br />

ainda mais difíceis. Mas a par das dificulda<strong>de</strong>s sempre as perspectivas apareciam a<br />

sobrepor-se” 1405<br />

Segundo Silva Marques, um dos poucos <strong>de</strong>legados vindos directamente do<br />

interior do país, no meio da galvanização e do unanimismo, a sua voz teria sido a única<br />

a levantar-se <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista mais crítico, ainda que não sobre as questões <strong>de</strong><br />

1404<br />

VI Congresso do Partido Comunista Português, Joaquim Gomes, Relatório sobre problemas <strong>de</strong> organização, Editorial<br />

«Avante!», 1965, p. 44<br />

1405<br />

O VI Congresso, uma vitória <strong>de</strong> alcance histórico na vida do <strong>PCP</strong>!, in O Militante, III série, 140, Dezembro <strong>de</strong> 1965<br />

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