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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Sobre esta matéria, o Comité Central assinalava o <strong>de</strong>sfasamento entre a<br />

propaganda e a acção, que vinha atrasando o <strong>de</strong>senvolvimento das indispensáveis<br />

formas organizativas do movimento nacional, que era, por sua vez, particularmente<br />

débil entre as camadas operárias e populares, como entre a juventu<strong>de</strong> e as mulheres.<br />

Mas manifestavam-se outras insuficiências na popularização das acções e<br />

medidas tomadas pela URSS ou ainda na dificulda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>smontar <strong>de</strong> modo<br />

perceptível os planos belicistas do bloco anglo-americano 486 .<br />

No seio da própria Comissão Nacional, on<strong>de</strong> em nome <strong>de</strong> um certo pragmatismo<br />

participavam personalida<strong>de</strong>s que não se dispunham a assumir um alinhamento com as<br />

posições e campanhas ditadas pelos soviéticos com o ênfase que se lhes exigia.<br />

Todavia, os dirigentes do <strong>PCP</strong> exasperavam-se sobretudo com o facto <strong>de</strong><br />

militantes do partido não contrariarem suficientemente os que se mostravam renitentes<br />

perante o Apelo <strong>de</strong> Estocolmo porque o consi<strong>de</strong>ravam uma emanação soviética ou que<br />

responsabilizavam a União Soviética pelo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da <strong>guerra</strong> da Coreia 487 ,<br />

como se exasperavam com pequenos ou gran<strong>de</strong>s problemas relacionados com a<br />

condução do movimento. E isso tanto se podia verificar a propósito da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

suspen<strong>de</strong>r a activida<strong>de</strong> da Comissão Nacional durante os meses <strong>de</strong> verão 488 ou sobre os<br />

abaixo-assinados a utilizar 489 .<br />

Num plano mais <strong>de</strong>nso havia, naturalmente, questões que obrigavam a uma<br />

maior rispi<strong>de</strong>z porque eram susceptíveis <strong>de</strong> provocar danos mais significativos. Havia<br />

tendência “esquerdizantes” que negavam pura e simplesmente a justeza da luta pela paz,<br />

o que, objectivamente, significava questionar os fundamentos da orientação táctica,<br />

baseando-se na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que um novo conflito mundial seria inevitável, criando<br />

condições para a <strong>de</strong>rrocada do imperialismo, pelo que qualquer oposição a uma nova<br />

<strong>guerra</strong> só estava a retardar o seu <strong>de</strong>rrube, como no país, o do próprio regime.<br />

De sentido contrário, mas igualmente criticadas, eram as tendências que queriam<br />

fazer <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r directamente da Comissão Nacional todos os aspectos da luta pela paz,<br />

pois entendiam que só esse organismo estava, por um lado, em condições <strong>de</strong> lhe<br />

conferir carácter legal e dispunha, por outro, da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação para toda<br />

486<br />

Cf Amílcar [Sérgio Vilarigues], União <strong>de</strong> todos os portugueses honrados..., p. 21<br />

487<br />

I<strong>de</strong>m, p. 22<br />

488<br />

Cf. Experiências recolhidas no Movimento em Defesa da Paz. Mais acção do Partido contra todas as concepções<br />

prejudiciais à Paz!, in O Militante, III série, 63, Dezembro <strong>de</strong> 1950<br />

489<br />

Cf Amílcar [Sérgio Vilarigues], União <strong>de</strong> todos os portugueses honrados..., p. 24<br />

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