19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

uma orientação política contrária à indicada pelo Partido e pelos seus organismos<br />

dirigentes” 464 .<br />

Num partido acossado pela repressão, abalado pela prisão <strong>de</strong> alguns dos seus<br />

principais dirigentes, pressionado por uma situação política nacional e internacional<br />

adversa, qualquer <strong>de</strong>bate interno que extravasasse a mimética glosa dos documentos<br />

centrais, que se alcandorasse em posições diferentes e insistisse na sua <strong>de</strong>fesa, abriria<br />

caminho para o afastamento ou a expulsão das suas fileiras daqueles que as sutentassem.<br />

Esse seria o ambiente que marcaria in<strong>de</strong>levelmente, e <strong>de</strong> modo progressivo, a primeira<br />

meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> cinquenta.<br />

Muitas <strong>de</strong>stas posições seguiam <strong>de</strong> perto o que <strong>de</strong>fendiam sectores não<br />

comunistas. Já antes, por exemplo, José Ribeiro <strong>de</strong> Carvalho e Silva, afirma ter<br />

<strong>de</strong>fendido no sector intelectual <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, a aplicação a Portugal do Plano Marshall, o<br />

que lhe valeu o afastamento do partido 465 , <strong>de</strong>cisão comunicada por Américo Gonçalves<br />

<strong>de</strong> Sousa (Abel), que controlava esse organismo.<br />

São frequentes ainda na imprensa partidária, as críticas a militantes <strong>de</strong>stacados<br />

em lugares <strong>de</strong> direcção dos serviços <strong>de</strong> candidatura <strong>de</strong> Norton <strong>de</strong> Matos, acusados <strong>de</strong><br />

cumplicida<strong>de</strong> com personalida<strong>de</strong>s não comunistas.<br />

Mesmo que não sendo mencionado, a Política <strong>de</strong> Transição, apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrotada<br />

no IV Congresso constituíria como que o espectro que pairava sobre todo este tipo <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, já que configurava o mais importante corpo <strong>de</strong> propostas em<br />

oposição à linha política do partido, com condições para reemergir em momento <strong>de</strong><br />

maior pressão e agudização<br />

É nesta altura aliás que se volta a insistir com os quadros que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram a<br />

política <strong>de</strong> transição para que se autocriticassem, <strong>de</strong>signadamente Júlio Fogaça, que<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma primeira autocrítica em Novembro <strong>de</strong> 1948, a coincidir praticamente<br />

com o regresso <strong>de</strong> Álvaro Cunhal, é obrigado a uma segunda em Agosto do ano<br />

seguinte, numa série que só terminará bem mais tar<strong>de</strong>, afirmando então:<br />

“Estes <strong>de</strong>svios oportunistas da chamada “política <strong>de</strong> transição”, que já<br />

foram justamente criticados pelo nosso camarada Duarte no seu informe<br />

político ao 2º Congresso Ilegal, foram postos a nú para muitos dos seus<br />

464 Cf. Firmes e unidos na <strong>de</strong>fesa da linha e orientação geral do Partido, in O Militante, III série, 59, Agosto <strong>de</strong> 1949<br />

465 Cf. Auto <strong>de</strong> Perguntas a José Ribeiro <strong>de</strong> Carvalho e Silva, em 2 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1959, TCL, 3º Juízo Criminal, P. 16228/59,<br />

15º vol, fls 956V<br />

186

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!