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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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A versão aprovada expurga ainda o texto <strong>de</strong> explanações <strong>de</strong>snecessárias sobre a<br />

situação interna, optando <strong>de</strong>signadamente por omitir os nomes <strong>de</strong> José Gregório,<br />

Militão Ribeiro, Sérgio Vilarigues, Pires Jorge, Manuel Gue<strong>de</strong>s, Pedro Soares e Cunhal<br />

no esforço <strong>de</strong> “reorganização” dos primeiros anos quarenta.<br />

Mas, curiosamente, o período iniciado em 1929 termina não em 1940, data<br />

efectiva do arranque da “reorganização”, mas dois anos <strong>de</strong>pois, o que coinci<strong>de</strong><br />

precisamente com a primeira vaga <strong>de</strong> prisões na estrutura dirigente, entre as quais se<br />

<strong>de</strong>stacava a <strong>de</strong> Júlio Fogaça, que se caracterizaria pela subestimação <strong>de</strong> trabalho<br />

colectivo e pela prevalência da tradição centralizadora.<br />

Em contrapartida, o período seguinte, 1943-1949, que correspon<strong>de</strong>u à actuação<br />

<strong>de</strong> Álvaro Cunhal como membro do Secretariado, teria sido pautado pelo<br />

“fortalecimento do papel dirigente, da autorida<strong>de</strong> e do trabalho colectivo do Comité<br />

Central e a <strong>de</strong>mocratização da vida do Partido, foram incessantes” 1012<br />

Daí em diante, nos anos cinquenta, segundo o documento, prevaleceram<br />

tendências sectárias fundadas num exagerado reforço do centralismo durante alguns<br />

anos. Foi isso que <strong>de</strong>pois abriu as portas a reacções <strong>de</strong>stemperadas a esses excessos, que<br />

se expressaram em tendências <strong>de</strong> afrouxamento e dissolução do funcionamento leninista<br />

do partido, rotuladas <strong>de</strong> revisionistas. Daí à estagnação orgânica foi um passo,<br />

dificulda<strong>de</strong>s que acabariam por condicionar a intervenção política e facilitar as<br />

investidas da repressão.<br />

Sérgio Vilarigues apresenta, por sua vez, em nome da Comissão Política, o<br />

informe sobre organização 1013 , que vai <strong>de</strong>sdobrando e aprofundando na linha do<br />

documento sobre a tendência anarco-liberal, um conjunto <strong>de</strong> aspectos relacionados com<br />

o estado orgânico do <strong>PCP</strong>, cujas raízes entendia assentarem no culto da espontaneida<strong>de</strong>,<br />

alimentadas pela i<strong>de</strong>ia da <strong>de</strong>sagregação irreversível do regime. São aí evi<strong>de</strong>nciadas as<br />

enormes <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s do partido, os acentuados <strong>de</strong>sequilíbrios e assimetrias na<br />

implantação territorial e sectorial, as enormes lacunas em sectores sociais fundamentais.<br />

A Resolução aprovada pelo Comité Central sobre o assunto reconhece<br />

implicitamente que apesar da influência social e política do partido, era preciso superar<br />

a situação existente para que se torne “<strong>de</strong> facto, no domínio da organização, um gran<strong>de</strong><br />

Partido nacional” 1014 .<br />

1012<br />

Comité Central do Partido Comunista Português, A tendência anarco-liberal …, p.10<br />

1013<br />

Amílcar [Sérgio Vilarigues], Organização. Informe da Comissão Política, Dezembro <strong>de</strong> 1960, Edições do Secretariado do<br />

CC do <strong>PCP</strong><br />

1014<br />

Resolução do Comité Central sobre tarefas <strong>de</strong> organização, in O Militante, III série, 108, Janeiro <strong>de</strong> 1961<br />

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