19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

problema importante 836 , já que tinha sido precisamente nesses termos que o V<br />

Congresso se havia pronunciado ao traçar a via da unida<strong>de</strong> anti-salazarista para <strong>de</strong>rrubar<br />

Salazar.<br />

Aí, ainda que Júlio Fogaça insista na justeza da orientação do partido em apoiar<br />

Cunha Leal e que Delgado é “um aventureiro político perigoso” 837 , vai acrescentando<br />

que o apoio prestado pelo DDS tenha conferido à sua candidatura uma dimensão<br />

política que ultrapassa a vertigem pessoal e que não teriam sido <strong>de</strong>senvolvido todos os<br />

esforços para encontrar um candidato mais amplo que Arlindo Vicente.<br />

São, <strong>de</strong> resto bastantes as vozes que vão reconhecendo que o ambiente se vai<br />

tornando favorável ao general, cuja candidatura o partido subestimou, e que está agora a<br />

ficar isolado. Cita-se mesmo a opinião <strong>de</strong> um militante que teria dito “q[ue] ao<br />

combatermos o HD [Humberto Delgado] estamos a falsear as conclusões do<br />

Congr[esso]” 838 , a cometer erros tácticos.<br />

Há, no entanto, diferentes elementos a rebater esta questão e a reafirmar a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prosseguir com Arlindo Vicente, havendo até quem diga acreditar que<br />

com o programa a correlação po<strong>de</strong>rá inverter-se a favor <strong>de</strong> Arlindo. Para estes, a<br />

candidatura do general continua a ser encarada como fomentada pelo imperialismo e<br />

que não é sequer a candidatura anti-salazarista porque não toca as aspirações da<br />

burguesia nacional.<br />

Para Fogaça, houve facilitação ao <strong>de</strong>finir o apoio a Arlindo Vicente, pois os<br />

aspectos relacionados com a personalida<strong>de</strong> dos candidatos não po<strong>de</strong> ser minimizada,<br />

uma vez que a eleição presi<strong>de</strong>ncial é personalizada.<br />

Em sua opinião, era o sectarismo que estava a impedir ir mais além, havendo<br />

pessoas na candidatura <strong>de</strong> Delgado que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m acções comuns e que a forma <strong>de</strong><br />

neutralizar um putsch aventureiro em congeminação seria dar ao movimento<br />

componente <strong>de</strong> massas, que o Directório não tem e por isso resvala para soluções<br />

golpistas. No entanto, trata <strong>de</strong> dizer que Delgado não é um candidato anti-salazarista,<br />

mas um agente dos americanos.<br />

As conclusões <strong>de</strong>ssa reunião estavam efectivamente muito longe <strong>de</strong> ser claras<br />

quanto a um apoio a Delgado.<br />

A campanha <strong>de</strong> Arlindo Vicente prossegue sem chama, baseada em sessões<br />

públicas em sala fechada, muito formais. Em Aveiro, por exemplo, Palma Carlos já<br />

836 Cf. CC. Discussão Política. 5/58, [3 e 5], in Processo. 92/62...., 2º vol, apenso a fls 177<br />

837 I<strong>de</strong>m, [1]…<br />

838 I<strong>de</strong>m, [2]…<br />

328

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!