19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e quis como que completar os <strong>de</strong>sígnios incumpridos da<br />

Revolução francesa, o comunismo tornou-se ramo viçoso da árvore frondosa dos<br />

socialismos, enraizada no combate ao capitalismo. Mas, ao <strong>de</strong>sembocar, após a<br />

Revolução <strong>de</strong> Outubro e em particular após a Segunda Guerra Mundial, em ru<strong>de</strong>s e<br />

perversos sistemas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, se afastou, por vezes <strong>de</strong> modo dramático e repulsivo, da<br />

generosida<strong>de</strong> da utopia comunista, sonhada e perseguida por gerações <strong>de</strong> trabalhadores,<br />

<strong>de</strong> militantes e <strong>de</strong> revolucionários.<br />

Nesta moldura, a historiografia nacional sobre os Partidos Comunistas<br />

reconhece o cruzamento <strong>de</strong>stas duas dimensões, procurando reflectir quer os ritmos e<br />

pulsões que <strong>de</strong>correm das especificida<strong>de</strong>s dos processos históricos <strong>de</strong> cada país quer os<br />

laços <strong>de</strong> subordinação que os ligam ao centro do sistema, aspecto que <strong>de</strong>correndo<br />

directamente do princípio da <strong>de</strong>fesa da União Soviética como “pátria do socialismo”<br />

impôs uma lógica centrípta <strong>de</strong> funcionamento, com todas as implicações e tensões daí<br />

resultantes.<br />

A sobrevalorização <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>stas dimensões restringe a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

análise e diminui o alcance interpretativo, porque torna-se tão insuficiente estudar um<br />

partido comunista em si sem aten<strong>de</strong>r tanto à sua dinâmica e às suas tensões internas,<br />

como aos laços sociais que estabelece e, evi<strong>de</strong>ntemente, às relações internacionais <strong>de</strong><br />

que é matricialmente enformado.<br />

Em Portugal, os estudos sobre o comunismo mantêm, no entanto, um ritmo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento lento e mo<strong>de</strong>sto, reflectindo o atraso do mundo académico em relação<br />

à matéria.<br />

Na verda<strong>de</strong>, é impossível estabelecer com outros países, <strong>de</strong>signadamente<br />

europeus, como a França ou a Itália, qualquer esboço comparativo quanto ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da investigação sobre o comunismo antes do mais por uma questão <strong>de</strong><br />

escala que resulta do enorme atraso, <strong>de</strong> décadas, imposto pela ditadura, que cerceou e<br />

impediu que se <strong>de</strong>senvolvessem estudos não só sobre o comunismo, como sobre a<br />

própria História Contemporânea em geral, como se sabe.<br />

Nem na sua fase final, com o marcelismo, o regime permitiu que se<br />

<strong>de</strong>senvolvessem estudos sobre o <strong>PCP</strong>, como não houve sequer estudos significativos<br />

numa perspectiva anticomunista.<br />

Mas creio ser justo começar por referir o projecto <strong>de</strong> Manuel Villaver<strong>de</strong> Cabral,<br />

a partir do exílio francês, na esteira das preocupações suscitadas por essa original<br />

experiência que foi a publicação dos Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Circunstância entre 1967 e 1970. A<br />

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!