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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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discussão do projecto <strong>de</strong> Programa vem assinalando. Para si, o fundamental radica na<br />

subestimação do papel dirigente da classe operária no <strong>de</strong>rrube do regime.<br />

Isto significava que em sua opinião o centro do procedimento táctico estava na<br />

unida<strong>de</strong> por cima entre forças e correntes anti-salazaristas e não na unida<strong>de</strong> por baixo, a<br />

começar pela classe operária, a partir dos seus locais <strong>de</strong> trabalho, em torno das suas<br />

reivindicações específicas e pelo <strong>de</strong>senvolvimento da sua participação nas lutas<br />

políticas. Por isso afirma:<br />

“(…) fico com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ser dada maior importância ao que é uso<br />

chamar a unida<strong>de</strong> por cima e à formação da unida<strong>de</strong> anti-salazarista pelo<br />

chamar dos que foram salazaristas, a quem várias vezes se alu<strong>de</strong> com<br />

cuidado e atractivamente. O cuidado que houve [em] tantas outras coisas<br />

não o vejo posto em explicar-se às camadas trabalhadoras a formação<br />

daquilo que no nosso espírito está como sendo o principal: “A construção<br />

dum largo movimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> das forças <strong>de</strong>mocráticas e da oposição<br />

anti-salazarista tem como base a unida<strong>de</strong> da classe operária, força <strong>de</strong><br />

choque da oposição ao governo <strong>de</strong> Salazar”” 701<br />

O problema da <strong>de</strong>sagregação do regime <strong>de</strong>via assim ser encarado não pela<br />

ruptura por acordo ou por pressão palaciana, mas sim por pressão da luta <strong>de</strong> massas, o<br />

factor <strong>de</strong>terminante para acelerar e aprofundar a sua crise interna e a sua <strong>de</strong>composição,<br />

assim como para atrair ao campo da oposição todos os anti-salazaristas.<br />

Carvalho admite que do documento <strong>de</strong> Outubro não se po<strong>de</strong> concluir ser a<br />

solução pacífica a única admitida, no entanto, acrescenta que a forma como o problema<br />

é colocado é tão ambígua que dificulta a compreensão do problema nas organizações <strong>de</strong><br />

base do partido e volta a insistir que isso é tanto mais evi<strong>de</strong>nte quanto não há<br />

referências suficientemente significativas sobre o papel da acção combativa das massas<br />

populares. E era aí que radicava o essencial <strong>de</strong> toda a concepção política do documento,<br />

que não hesita em consi<strong>de</strong>rar errada.<br />

Chama aliás a atenção sobre se será por acaso que o documento não refere uma<br />

única vez o XX congresso do PCUS, que <strong>de</strong>signa <strong>de</strong> histórico, assim como não cita<br />

qualquer dos clássicos do marxismo-leninismo, sendo que as citações que faz <strong>de</strong> Álvaro<br />

Cunhal são as que mais se a<strong>de</strong>quam à perspectiva geral que sustenta, chegando a dizer<br />

que há <strong>de</strong>svirtuamento das próprias citações que são feitas do Informe ao IV Congresso.<br />

701 M[anuel] [Guilherme da Costa Carvalho], Algumas consi<strong>de</strong>rações sobre o documento do CC <strong>de</strong> 27/X/956 “A SITUAÇÃO<br />

POLÍTICA ACTUAL E A POSIÇÃO DO PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS, Março <strong>de</strong> 1957, dact., p. 3, in TCL, 4º<br />

JCL, Processo 59/61 [44685], 4º vol., apenso a fls. 364<br />

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