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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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difusão da sua imprensa, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> acções, por mais pequenas e<br />

inexpressivas que pu<strong>de</strong>ssem ser, mas que davam o sinal da activida<strong>de</strong> e da iniciativa,<br />

que era combate e luta e que, nesse sentido, se redimensionava como elemento po<strong>de</strong>roso<br />

capaz tanto <strong>de</strong> dar sentido como <strong>de</strong> ajudar a reproduzir a organização.<br />

A esta atitu<strong>de</strong> juntava-se o apoio incondicional à URSS, que constituía aliás um<br />

veio central da matriz genética do movimento comunista internacional e <strong>de</strong> cada partido<br />

comunista em particular, elemento igualmente fundamental no processo <strong>de</strong><br />

homogeneização do <strong>PCP</strong>.<br />

Os militantes eram assim educados na exaltação reverencial da URSS, cujo<br />

processo <strong>de</strong> assimilação tendia, na dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> inculcar o <strong>de</strong>talhe das conquistas<br />

concretas da União Soviética, em fazer passar os princípios propagandísticos da “pátria<br />

do socialismo” e da “superiorida<strong>de</strong> do socialismo soviético” uma espécie <strong>de</strong> paraíso na<br />

Terra, que tinha nos militantes <strong>de</strong>fensores incondicionais e in<strong>de</strong>fectíveis.<br />

Esta <strong>de</strong>voção tornava-se ainda uma espécie <strong>de</strong> amparo internacional em relação<br />

aos combates perseguidos nas condições difíceis e asperamente vividas na base do<br />

partido. A fé na caminhada, da URSS como das “<strong>de</strong>mocracias populares”, para o<br />

socialismo e para o comunismo era um estímulo po<strong>de</strong>roso para reforçar convicções e<br />

entregas, tornando-se numa espécie <strong>de</strong> fé revolucionária, <strong>de</strong> que os militantes<br />

comunistas portugueses se alimentavam e acalentavam.<br />

A esta <strong>de</strong>fesa da URSS, associava-se a partir dos anos 30 o culto <strong>de</strong> Staline<br />

numa dimensão e com impactos que ultrapassavam largamente o culto <strong>de</strong> Lenine, que o<br />

prece<strong>de</strong>u, e que pouco lastro <strong>de</strong>ixou num Partido Comunista, como o português, cujos<br />

processos <strong>de</strong> edificação, quer pós 1929 quer, fundamentalmente, pós 40-41 já pouco ou<br />

nada herdavam da situação vivida nos anos 20, em que o partido estava longe da<br />

bolchevização preconizada pela Internacional Comunista.<br />

Para os militantes portugueses, como para todos os que militavam no movimento<br />

comunista internacional, se a URSS é o garante esperançoso do futuro, um farol a<br />

iluminar o presente e o futuro, Staline é a personificação das capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assegurar<br />

esse futuro, a partir da União Soviética.<br />

A i<strong>de</strong>alização da URSS combinava-se com a mitificação <strong>de</strong> Staline, alcandorado<br />

em encarnação <strong>de</strong> toda a doutrina comunista e, como tal, infalível intérprete do<br />

marxismo-leninismo. No imaginário da generalida<strong>de</strong> dos militantes comunistas, Staline<br />

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