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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Para o órgão central do <strong>PCP</strong>, “Os GAC abrem uma nova perspectiva à organização do<br />

movimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> nacional. (...) Criar-se-ão as bases duma gran<strong>de</strong> organização<br />

nacional que po<strong>de</strong>rá vir a ter um papel <strong>de</strong>cisivo a <strong>de</strong>sempenhar na luta nacional<br />

libertadora” 306 .<br />

Era fundamentalmente a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio civil armado ao levantamento nacional<br />

que se queria tecer. Por outro lado, satisfaziam-se os sectores mais radicalizados da base<br />

do partido, que tomavam à letra o tom exuberante e incendiário com que se enchiam as<br />

páginas da imprensa comunista nesse segundo semestre <strong>de</strong> 1944; que exigiam<br />

necessárias, pressionando nesse sentido, medidas concretas que correspon<strong>de</strong>ssem aos<br />

apelos <strong>de</strong> acção popular revolucionária para <strong>de</strong>rrubar o regime.<br />

No final <strong>de</strong>sse ano, o anunciado não aumento salarial dos militares e o<br />

sentimento ten<strong>de</strong>ncialmente aliadófilo, alimentam as manobras conspiratórias, com<br />

elementos activos do Comité Militar do MUNAF a procurarem mobilizar sectores<br />

militares oposicionistas mais mo<strong>de</strong>rados, <strong>de</strong>signadamente monárquicos e republicanos<br />

conservadores, e a tentarem estabelecer ponte com sectores do regime mais permeáveis<br />

a esta porosida<strong>de</strong>, que o próprio Carmona toleraria. A conspiração toma como objectivo<br />

um golpe militar que, entretanto teria sido es<strong>fria</strong>do pelos serviços diplomáticos e <strong>de</strong><br />

inteligência britânicos 307 .<br />

Precisamente na altura em que se preparava o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento das acções<br />

golpistas, o Comité Militar <strong>de</strong> Libertação Nacional dirigindo-se aos trabalhadores<br />

promete que o governo saído do movimento que <strong>de</strong>rrube Salazar consi<strong>de</strong>rará as<br />

reivindicações populares e apela para que não secun<strong>de</strong>m as acções militares, pois<br />

“Depois, na futura Assembleia Constituinte, o operariado português fará certamente<br />

ouvir a sua voz” 308 .<br />

O <strong>de</strong>stinatário <strong>de</strong>ste aviso era sem dúvida o Partido Comunista, cujo afã em<br />

acelerar a constituição dos GAC se prendia com a precipitação da conspiração militar<br />

309 , <strong>de</strong> que teria conhecimento. Efectivamente nem o sector militar do MUNAF nem a<br />

maioria dos sectores políticos representados no CNUAF viam com bons olhos a acção<br />

<strong>de</strong>stes grupos, cuja existência e activida<strong>de</strong>, por mais que se sustentasse a <strong>de</strong>pendência<br />

em relação ao Conselho Nacional, facilmente lhe escaparia ao controlo.<br />

306<br />

Novos organismos <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> nacional. Formemos milhares <strong>de</strong> GAC, in Avante!, VI série, 68, 2ª Quinzena <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong><br />

1944<br />

307<br />

Cf. Fernando Rosas, O Estado Novo..., pp 376-377<br />

308<br />

O Comité Militar <strong>de</strong> Libertação Nacional, Ao Exército, à Armada e ao Povo!, Janeiro <strong>de</strong> 1945<br />

309 Cf. José Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal. Uma Biografia Política. “Duarte”... pp 454-457<br />

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