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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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candidatura <strong>de</strong> Norton <strong>de</strong> Matos, viesse a integrar a direcção nacional do MND e o seu<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> distanciamento, moldado entre a fresquíssima passagem pela prisão e as<br />

contradições que se esboçavam em torno <strong>de</strong> matérias centrais ao tempo - a continuida<strong>de</strong><br />

do MUD, a legalida<strong>de</strong> do MUDJ ou a apreciação da própria situação internacional 470 .<br />

O lançamento do Movimento Nacional Democrático, mesmo que expurgado do<br />

essencial dos aliados “históricos” dos anos recentes do pós-<strong>guerra</strong>, exigia, portanto, que<br />

o seu nome constasse na lista dos impulsionadores e dirigentes do novo movimento, em<br />

nome do qual o partido procurava <strong>de</strong>monstrar que a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oposição ao regime não<br />

só se mantinha como prosseguia. Justificava-se, por isso, que o partido pressionasse a<br />

sua pública a<strong>de</strong>são ao MND.<br />

Mas, Mário Soares recusará participar na Comissão Central, como também o<br />

núcleo mais chegado <strong>de</strong> compagnons <strong>de</strong> route do <strong>PCP</strong> na direcção do MUD e na<br />

candidatura <strong>de</strong> Norton <strong>de</strong> Matos – Maria Isabel Aboim Inglês, Manuel Men<strong>de</strong>s e<br />

Manuel Tito <strong>de</strong> Morais.<br />

Não serão, no entanto, necessários muitos meses para que se envolva com<br />

Francisco Ramos da Costa, numa iniciativa <strong>de</strong> homenagem a Manuel Teixeira Gomes,<br />

quando se transladam para Portugal os restos mortais <strong>de</strong>ste antigo presi<strong>de</strong>nte da<br />

República, que terá o apoio <strong>de</strong> um MND com a maioria dos seus principais dirigentes<br />

presos.<br />

A ambiguida<strong>de</strong> da iniciativa quer pelas “pontes” que lançava em direcção às<br />

correntes <strong>de</strong> que o <strong>PCP</strong> necessitava <strong>de</strong> se <strong>de</strong>marcar quer pelo aparato oficial que o<br />

regime enten<strong>de</strong>ra conferir-lhe, faziam com que não fosse uma iniciativa<br />

conjunturalmente a<strong>de</strong>quada, mesmo que formalmente apoiada na sua imprensa.<br />

Traçava-se, <strong>de</strong>ssa forma o caminho para o afastamento quer <strong>de</strong> Ramos da Costa quer <strong>de</strong><br />

Mário Soares, que culminaria com a sua <strong>de</strong>núncia pública, bem como a <strong>de</strong> Fernando<br />

Piteira Santos e Jorge <strong>de</strong> Macedo nas páginas do Avante!, em Fevereiro <strong>de</strong> 1951 471 ,<br />

numa altura em que todos haviam pouco antes integrado a Comissão Distrital <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong><br />

do MND.<br />

Mesmo entre os militantes legais que integravam as estruturas do Movimento,<br />

estavam disseminadas tendências que tornavam a situação <strong>de</strong> tal modo difícil que, ainda<br />

em 1949, a não apresentação <strong>de</strong> candidaturas às eleições para a Assembleia Nacional,<br />

teria resultado, como será explicado em documento interno do partido anos mais tar<strong>de</strong>,<br />

470 Cf. Mário Soares, Portugal Amordaçado..., pp 176-177<br />

471 Cf. A luta contra os oportunistas é a base do fortalecimento da luta pela <strong>de</strong>mocracia e pela paz, in Avante!, VI série, 156,<br />

Fevereiro <strong>de</strong> 1951<br />

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