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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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“(…) há agrupamentos ou individualida<strong>de</strong>s hostis à política salazarista, que<br />

não fazem parte da frente, e com as quais não existem ainda formas <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong><br />

acção unitária. Isto é uma <strong>de</strong>ficiência que as forças anti-salazaristas <strong>de</strong> vanguarda<br />

procuram vencer rapidamente” 1330<br />

Era, por um lado, um aviso subtil aos “aliados” da FPLN <strong>de</strong> que não esgotavam<br />

a oposição em si mesma e, por outro, um piscar <strong>de</strong> olho a essas correntes e<br />

personalida<strong>de</strong>s que estavam fora da Frente, num altura em que se preparava a<br />

intervenção na eleições para a Assembleia Nacional <strong>de</strong> 1965.<br />

Por outro lado, à Junta Revolucionária Portuguesa era, na opinião do <strong>PCP</strong>,<br />

admitido um papel dirigente, mas confinado ao exílio e à emigração, como aliás Pedro<br />

Ramos <strong>de</strong> Almeida faz questão <strong>de</strong> esclarecer logo após a 3ª Conferência, ao <strong>de</strong>clarar à<br />

Rádio Portugal Livre que “a JRP tem uma missão bem preciosa: dirigir a acção no<br />

exterior, <strong>de</strong> forma a ajudar por todas as formas o <strong>de</strong>senvolvimento no interior do país<br />

da activida<strong>de</strong> da FPLN. Não se trata como alguns portugueses po<strong>de</strong>rão pensar, sob a<br />

influência <strong>de</strong> promessas feitas no ar, <strong>de</strong> preparar <strong>de</strong>sembarques sensacionais. Actos<br />

terroristas ou golpes <strong>de</strong> estado” 1331<br />

Na realida<strong>de</strong>, o <strong>PCP</strong> vai abrandando o incremento à recomposição da re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Juntas Patrióticas, <strong>de</strong> resto fortemente fustigada por sucessivas bátegas repressivas.<br />

Passa a revalorizar outras dinâmicas <strong>de</strong> carácter unitário, <strong>de</strong> cariz mais tradicional,<br />

mesmo que sem excluir formalmente <strong>de</strong>sse processo a FPLN. Tinha em mira as<br />

correntes mo<strong>de</strong>radas da Frente, pelas pontes que conseguiam estabelecer com sectores<br />

da burguesia liberal, todavia, atentistas em relação a ilusórias possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

legalização e, por isso, acerrimamente abstencionistas face à disputa eleitoral.<br />

O assassinato <strong>de</strong> Delgado ocorre justamente quando a FPLN e o <strong>PCP</strong><br />

<strong>de</strong>senvolviam uma campanha intensa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrédito do General e quando as autorida<strong>de</strong>s<br />

argelinas retiram o apoio <strong>de</strong> facto à sua Junta Portuguesa, encerrando o seu escritório e<br />

intentando apo<strong>de</strong>rar-se dos seus arquivos.<br />

Depois <strong>de</strong> um mês sem notícias do general, é o sector que, apesar <strong>de</strong> não o ter<br />

acompanhado na aventura da nova Frente, se encontrava mais próximo <strong>de</strong> si, que alerta<br />

para esse facto que apontava para o seu efectrivo <strong>de</strong>saparecimento. Estava-se no fim <strong>de</strong><br />

Março <strong>de</strong> 1965 e entre essa data e o aparecimento dos cadáveres <strong>de</strong> Delgado e Arajaryr<br />

1330 Cf. IAN/TT, Legião Portuguesa, Escutas, [Boletim] 166, Rádio Portugal Livre, Emissão <strong>de</strong> 1.8.65, Extracto <strong>de</strong> uma entrevista<br />

que Manuel Rodrigues da Silva conce<strong>de</strong>u à Rádio Praga sobre a situação política actual<br />

1331 Cf. IAN/TT, Legião Portuguesa, Escutas, Rádio Portugal Livre, [Boletim] 46, Emissão <strong>de</strong> 17.1.65, Entrevista com Pedro<br />

Ramos <strong>de</strong> Almeida, membro da Junta Revolucionária Portuguesa<br />

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